Alemanha no Brasil: a projeção da marca por meio do fortalecimento da identidade
Deixo de lado o futebol (produto) e analiso a seleção da Alemanha como MARCA, que dentro e fora de campo adotou uma estratégia extremamente eficaz: projetou sua imagem por meio do fortalecimento institucional. Estudou seu público de interesse e construiu uma estrutura fortificada com base no conhecimento histórico e humanístico e, de forma dialógica e cordial, encantou o povo brasileiro.
Estratégia
A projeção da imagem dos alemães por meio do fortalecimento de sua identidade alinhada às necessidades de seus públicos de interesse.
Mensagem-chave
O alemão cordial, aproveitando-se da principal característica “positiva” do povo brasileiro: sua cordialidade (conhecimento da cultura do seu público de interesse), apesar de sua utilização imagética como meio de sobrepujar, maquiar e inibir o “ser” político, como retratado na obra de Sergio Buarque de Holanda, Raízes do Brasil:
“A lhaneza no trato, a hospitalidade, e generosidade, virtudes tão gabadas por estrangeiros que nos visitam, representam, com efeito, um traço definido do caráter brasileiro, na medida, ao menos, em que permanece ativa e fecunda a influência ancestral dos padrões de convívio humano, informados no meio rural e patriarcal. Seria engano supor que essas virtudes possam significar “boas maneiras”, civilidade. São antes de tudo expressões legítimas de um fundo emotivo extremamente rico e transbordante. Na civilidade há qualquer coisa de coercitivo – ela pode exprimir-se em mandamentos e sentenças.”
Ações
Sobre a vitória em cima da nossa seleção:
Resultado
Os alemães conseguiram mudar a sua imagem (pelo menos num primeiro momento) de um povo extremamente frio e calculista, por meio da mudança de comportamento, portanto, pelo fortalecimento de sua identidade.
Lição para os líderes organizacionais
No início dos anos 2000, a Europa e os EUA perceberam que o consumo pela sedução seria cada vez mais rejeitado dentro do organismo social, que a simples atração por um filme de publicidade deveria ser trocado por um RELACIONAMENTO COMPENSATÓRIO por meio da ALTERIDADE, ou seja, transparência, altruísmo e dedicação com objetivo de entender e conciliar as particularidades da Marca com as de seus Públicos de Interesse.
Um novo tipo de comunicação nascia. O Brasil está pelo menos dez anos atrasado nesse assunto.
Aqui, com o modelo de comunicação e marketing alinhado à força das agências de publicidade, ainda se acredita que "a propaganda é a alma do negócio", ou seja, projetar imagem e não fortalecer identidade.
Eliminar a velha estrutura de Marketing para dar início a uma estrutura organizacional que se foque no fortalecimento institucional é a prova definitiva do caminho do processo de mudança das atividades de comunicação das empresas: alinhar por meio da Comunicação Institucional todos os setores organizacionais ao modelo de negócios (cultura, valores, missão e visão).
O verdadeiro líder deve entender que seu real papel dentro da organização não será só o de ter ideias isoladas, mas, sim, o de analisar toda sua estrutura para fazer aquilo que a Marca necessita para tirar as empresas brasileiras do pensamento atávico advindo da metade do século XVIII e introduzi-las no Século XXI.
Acreditar que as soluções estão exclusivamente sitiadas no alto escalão é um erro.
Os líderes devem perguntar e não só dar respostas, pois quem está no dia a dia das operações tem mais conexão com a realidade dos fatos.
Os artigos aqui apresentados n�o necessariamente refletem a opini�o da Aberje
e seu conte�do � de exclusiva responsabilidade do autor. 2207
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