Debate ou embate de "ilusionistas"?
Época de eleições em que os debates contundentes e o marketing massivo são mais importantes do que a democracia participativa, vivemos como seres submissos, condicionados ao automatismo.
Desde os “primórdios” da educação, seja no ensino fundamental, no médio ou na universidade, o objetivo é a doutrinação, a adaptação ao sistema, e não a formação de seres pensantes. Vivemos uma democracia às avessas.
Em minha opinião, a falta de investimento em educação e cultura é intencional e primordial para a manutenção do mecanicismo atávico que, constantemente, é revitalizado. Somos padronizados para a ignorância.
A democracia representativa é uma forma de totalitarismo por nós ratificada. Entregamos o poder nas mãos de quem nos convém ou "acreditamos", e, assim, nos eximimos do "ser" democrático.
Existimos como técnicos e não como alquimistas, como agentes modificadores, seres dialógicos e humanistas. Preferimos criticar as consequências e acreditar em signos falaciosos da realidade, do que buscar a realidade factual, as causas primeiras, adquirir conhecimento por meio das ciências humanas e aplicá-las às técnicas.
Somos extensões das "máquinas" organizacionais, e digo mais, dos produtos ou serviços por elas confeccionados.
O totalitarismo ideológico de hoje é menos visível. Vivemos condicionados pela produção de signos, que nos "escravizam", e que nos fazem agir, inconscientemente, por meio deles.
Não vivemos uma democracia representativa, muitos menos participativa. Somos “vítimas” do totalitarismo "invisível".
É como se estivéssemos num show de ilusionismo, onde as imagens e a linguagem estão totalmente sob o controle de quem as opera. Assimilamos as construções das mensagens emitidas pelos grandes marqueteiros, os grandes manipuladores da realidade, e acreditamos naquelas com maior poder de convencimento. Votaremos nos signos e não numa crença efetiva, seja na democracia ou na capacidade dos candidatos de realizá-la.
Passado o domingo, entregaremos nossos direitos democráticos nas mãos do melhor "ilusionista", e nos eximiremos da essência do "ser", para nos preocuparmos com aquilo a que somos direcionados, ou melhor, condicionados a ser: "animal laborans", em tempo integral.
Se os governos, sendo soberanos, investissem mais em educação e cultura, teríamos, cada vez mais, desmistificadores e menos mistificados, mas não é do interesse deles que isso se perpetue, ou se consolide, não é mesmo?
Abramos nossos olhos!
"(...) Precisamos disso, que se formem turmas de cidadãos e para mais, cidadãos bons, porque ainda que a palavra esteja gasta, há que reivindicá-la". José Saramago
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