Em um mundo cada vez mais interdependente, complexo, competitivo e imprevisível – e por isso sempre sujeito a crises constantes de toda ordem – o caminho do sucesso para as empresas que querem ser vencedoras tem sido o de investir na criação de ambientes internos nos quais os empregados trabalham satisfeitos, em condições seguras, têm o controle de seus processos, desfrutam de liberdade para inovar e são altamente produtivos. Nesse “jogo” todos saem ganhando. Os empregados porque garantem sua empregabilidade e bons salários; os acionistas, porque lucram com o bom retorno de seus investimentos; os donos porque aumentam sua participação lucrativa no mercado. E a sociedade em geral porque empresas saudáveis geram riqueza por meio de impostos, do respeito ao meio ambiente e da responsabilidade social.
Como receita de bolo, os enunciados acima descritos parecem óbvios. E são. Por que então eles não são seguidos à risca pelas organizações que buscam o sucesso? As razões são muitas. Tanto que são inúmeras as teses que enchem as prateleiras das livrarias e a internet com as mais variadas respostas para o enigma. Um dos maiores fatores de crise interna e externa das empresas no Brasil são os acidentes de trabalho. Para além do aspecto humano do tema – o direito ao trabalho digno e seguro – para o qual a sociedade está cada vez mais atenta e vigilante, a questão da saúde e da segurança do trabalho também se tornaram cruciais para as empresas que querem superar os desafios da produtividade e da lucratividade.
Principalmente no Brasil de hoje, onde o elemento crítico de qualquer planejamento organizacional é a necessidade de superar o desafio de atrair e reter mão de obra competente, motivada e produtiva em um ambiente de escassez cada vez maior devido à concorrência acirrada. Alinhe-se a essa realidade o fato de que nas empresas, onde a segurança do trabalho é assunto estratégico, os níveis de segurança operacional, ambiental e de qualidade produtiva são sempre excelentes. Além disso, empresas seguras gozam de boa reputação junto aos seus diversos públicos de relacionamento, o que é fundamental para distingui-las em um mundo em que a boa imagem é tudo.
Tudo muito bom. Tudo muito bem. Mas para que as coisas funcionem mesmo, os cuidados com saúde e a prevenção de acidentes de trabalho exigem educação e treinamento constante de chefias e dos empregados para o cumprimento adequado das tarefas e dos padrões instituídos. São objetivos que só podem ser alcançados por meio de estratégias de comunicação bem planejadas e integradas, em atuação conjunta com as áreas de recursos humanos e engenharia de segurança, para a adoção dos sistemas de gestão ou gerenciamento de risco. Trata-se de sistemas voltados para a identificação, avaliação e gerenciamento de risco: classificação, verificação e certificação que buscam definir e garantir que regras e padrões estejam sendo seguidos para que os riscos possam ser gerenciados. Como se vê, não é tarefa simples de ser implementada e exige, para fazê-la, um plano de comunicação interna estratégica competente. Face a face.
Por esta razão a estratégia recomendada à adoção de um plano de comunicação gerencial ou a velha e boa comunicação face a face. Que nada mais é do que o sistematizar da comunicação que se dá entre os gestores e suas equipes no dia a dia do trabalho – fundado na troca de informações que possibilita às empresas produzirem bens e serviços a partir de processos, padrões e métodos sustentáveis. A comunicação face a face deve trabalhar no sentido de melhorar o fluxo de informações para tomada de decisões, buscando eliminar a quantidade de barreiras que impedem o processo. Face a face, na verdade é o olho no olho. É o relacionamento transparente entre chefe e subordinados e entre os integrantes das equipes. O sucesso da empreitada depende do conhecimento por parte das chefias de que comunicar para liderar é fazer com que o conjunto de missão, valores, crenças, objetivos e metas sejam entendidos, aceitos e praticados pelas pessoas que fazem parte da organização. Ser bom gestor no caso significa desenvolver a sensibilidade para conhecer o repertório das pessoas que integram as equipes com as quais ele interage e o ouvido atento para medir o retorno das equipes sobre o seu entendimento dos assuntos com elas tratados, por exemplo.
Parece simples, não? Parece. Mas não é. Exige muito conhecimento, esforço, aprendizado, humildade e disponibilidade dos envolvidos, principalmente quando o assunto é saúde, segurança do trabalho e meio ambiente. Daí a necessidade de o plano de comunicação face a face ser elaborado e implementado conjuntamente pelas áreas de Comunicação Social, Recursos Humanos e Engenharia de Segurança e Meio Ambiente e liderada pelo executivo principal da organização. Em O Gerente Comunicador – Um Guia Prático da Comunicação Gerencial, da coleção Grandes Nomes da Aberje Editorial, os temas tratados nesse artigo são por mim abordados à exaustão. Acho que vale a pena dar uma espiada no livro.