A conspiração dos imbecis
Bastou o filósofo e romancista Umberto Eco falar verdades óbvias que poucos têm a coragem de dizer para que o mundo viesse abaixo. E o que ele disse mesmo? Em uma cerimônia na Universidade de Torino, o autor de O Nome da Rosa declarou que a internet dá voz a uma multidão de imbecis. A repercussão foi tanta que, como diria Jorge Benjor, “deu até do New York Times”. Não se sabe o resultado do embate. Nessas ocasiões, quando acuados, a maioria dos imbecis pouco se manifesta. Exceto os recalcitrantes, claro. De qualquer maneira, Eco teve seu dia de Nelson Rodrigues, o jornalista e filósofo brasileiro que muitos anos antes de a rede mundial de computadores comandar a massa, previu que os idiotas estavam prestes a dominar o mundo. “São mais intrépidos e organizados”, justificou a brasileiro.
Mais racional e lógico, o filósofo italiano utilizou-se dos números em favor de sua tese argumentando em mundo com sete bilhões de pessoas, “você há de concordar que há muitos imbecis por aí”. E aliviou: “O sujeito pode ser um excelente funcionário ou pai de família, mas ser um completo imbecil em diversos assuntos”. Com a internet e as redes sociais, o imbecil passa a opinar a respeito de temas que não entende, sustentou.
Eco chega mesmo a propor que a primeira disciplina a ser ministrada na escola deveria ser como usar a internet para analisar as informações e opiniões que nela circulam. Coisa de filósofo. Com o baixo nível das escolas e universidade, especialmente no Brasil... Melhor seria ensinar os professores a aprenderem a ensinar aos alunos coisas mais simples como ler, escrever e fazer conta de cabeça, diria o escritor e sábio mineiro Bartolomeu Campos Queiroz.
Meus pitacos sobre o assunto. Acho o maior barato a internet dar voz a todo tipo de opinião, mesmo com a predominância dos idiotas. E concordo com Umberto Eco que o jornalismo terá que assumir um protagonismo maior na filtragem, análise e crítica das informações e ideias que circulam na rede, em vez de apenas repercuti-las acriticamente. Vou além. Não só os imbecis, mas também os totalitários não têm medo de expressarem suas crenças (o que é um direito). O grave, porém, é que eles estão impondo sua agenda de arrogância e autoritarismo aos demais integrantes da sociedade, seja no campo religioso, político, artístico ou cultural. É real o estrago que o protagonismo dos fundamentalistas religiosos e dos “coletivos” dos politicamente corretos tem causado no Brasil, em para não ir mais longe. Fatos que são perigosos para a democracia, mas também para os negócios.
O boicote defendido por evangélicos contra o Boticário por conta de um belo comercial veiculado nas vésperas do dia dos namorados – no qual se homenageia a diversidade – é emblemático do poder da intolerância dos imbecis. O Boticário resistiu bravamente, apoiado por seus clientes e por formadores de opinião, e venceu a batalha. Mas os imbecis são muitos... E organizados. Eles tomaram conta do Congresso Nacional, de boa parte da mídia. Ganham o mundo dos negócios. A operação Lava-jato desmascarou alguns deles. Mas eles tentam impor a censura a espetáculos teatrais (acusando-os, sem fundamentos, de racistas), impedir o debate político sério sobre os rumos do país e querem mesmo dizer o que as empresas devem vender. Olho neles. Eles apontam seus dedos enormes contra nós.
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