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Francisco Viana
viana@hermescomunicacao.com.br

Jornalista, Doutor em Filosofia Política (PUC-SP) e consultor de empresas.

 

Deus está nos detalhes

              Publicado em 06/08/2012
A revisão é a oficina da alma de um texto. Sobretudo, num livro corporativo. Nele, o erro é um personagem inexistente. Não pode acontecer. Sem um português perfeito, sem o total desapego ao erro, sem pequenos cuidados,  não pode existir um livro de empresa escrito com talento e originalidade. Difícil fazer uma revisão de qualidade superior? 
 
Sim. Confeccionar os trajes finais de um texto é extremante difícil. Primeiro, porque cabe a quem escreve ler e reler o texto para eliminar as imperfeições: cortar palavras, eliminar redundâncias, reduzir as partículas “que”, os verbos de ligação. Ser preciso nas informações. 
 
É um trabalho infernal porque tudo precisa ser confirmado: dos nomes e datas às referências de livros, relatórios anuais, jornais, revistas, sites, bibliografia, depoimentos. Enfim, nada pode ser esquecido. É aconselhável fazer esse trabalho no decorrer da elaboração do texto, trabalhando com método e calma. Cada item precisa ser catalogado, isto para facilitar consultas posteriores.
 
Finalizada a revisão, todas as aberturas de parágrafos, por outro lado, precisam ser verificadas, assim com o índice e os títulos de capítulos. O método, o caminho, melhor dizendo, ganha forma no momento da apuração e se desenvolve na redação. Organização é tão importante quanto a criatividade. 
 
Enfim, o autor fica com a responsabilidade de reescrever, reescrever e reescrever para encontrar musicalidade e ritmo nas palavras. Se o que é escrito não soar como música para os ouvidos, o texto do livro corporativo estará carente de poesia. Portanto, a quem escreveu faltará a paixão do envolvimento. De nada adianta escrever um texto apenas correto. É preciso ir além, superar expectativas. Do autor e da corporação. 
 
Fazer esse trabalho exige tempo, exige dedicação. O computador ajuda a localizar imperfeições, mas a cada passo será preciso reescrever uma frase, um parágrafo. É imperativo trocar palavras comuns por palavras mais sofisticadas, mas sem perder a força da simplicidade. Os avanços serão lentos, as horas consumidas abundantes. Terminado, vem a revisão ortográfica que o autor precisa verificar, antes de encaminhar seu trabalho para um professional de revisão. 
 
A seguir vem o trabalho da revisão ortográfica profissional. Aqui, uma dificuldade vasta. Encontrar um revisor atento é complexo. O revisor, geralmente, faz duas leituras. Deveria fazer três. A última por amostragem. Não se pode ter pressa. É preciso checar nomes, datas, números, ler o texto palavra por palavra, linha por linha. Nota por nota, referência bibliográfica por referência bibliográfica. Haja paciência e desvelo! O ideal seria fazer o trabalho em dupla para que um revisor corrija o outro. Será que é feito assim? 
 
Terminada a revisão, volta o autor à cena. Ele terá que rever todas as correções feitas. Avaliar se estão corretas. É importante não confiar no revisão, por mais competente que seja o profissional. É indispensável ver para crer. Confesso, geralmente encontro autênticos viveiros de erros nos textos que encaminho para a revisão. Erros pequenos, mas que desfiguram o texto. 
 
Exemplos, nomes escritos errados,  bem como concordâncias verbais e crases. Além disso, é comum se ignorar repetições rítmicas e licenças poéticas. Costumo inserir erros propositais nos textos para verificar se a revisão é atenta. Pequenas imperfeições. Sobretudo nos trabalhos de fôlego, isto é, textos longos, com mais de três dezenas de páginas. 
 
Em resumo, todo o cuidado é pouco. As corporações são perfeccionistas. Exigem. Como pagam, exigem. É correto. O autor de livros corporativos precisa, também, ser perfeccionista. E o revisor? Eles são os artesões da oficina da alma de um livro. Como o autor, nunca pode esquecer que Deus está nos detalhes. Não adianta escrever textos geniais se não houver cuidados com os detalhes da divindade da língua. 

Os artigos aqui apresentados n�o necessariamente refletem a opini�o da Aberje e seu conte�do � de exclusiva responsabilidade do autor. 1399

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