A pesquisa da Hello Research, veiculada pela Globonews, indicando que 72% da população brasileira não sabia o que era a Rio+20, suscita profunda reflexão por parte de todos os profissionais da área da comunicação. Afinal, como parcela tão expressiva do público pode ignorar um evento altamente midiático, que ocupou, por quase dois meses, as manchetes de jornais, revistas, rádios, TVs e sites jornalísticos da Web?
Obviamente, uma pesquisa não é suficiente, de modo isolado, para estabelecer uma conclusão científica sobre o alcance e influência da mídia jornalística sobre a opinião pública nacional. No entanto, dada a importância, ampla abordagem e presença maciça da Conferência da ONU em todos os veículos de comunicação do País, é necessário analisar com maior profundidade esse tema, por meio de estudos mais amplos, abrangentes e capazes de apontar a realidade.
De todo modo, os dados apresentados pela Hello Research permitem, no mínimo, uma inferência de que o País avançou menos do que o desejado no tocante ao hábito de leitura de jornais e revistas. Contudo, nem mesmo os grandes rádio e telejornais conseguiram colocar uma conferência internacional decisiva para o futuro do Planeta entre as informações presentes na atenção de grande parcela da sociedade. A reflexão sobre o fenômeno, portanto, deve ir além da resposta padrão de que o brasileiro lê pouco.
Reforça-se a tese de que a informação jornalística, independentemente da mídia em que é veiculada, incluindo a contemporânea Web, não atinge de modo amplo a população. Contudo, também não se pode generalizar essa tendência como verdade, pois pode haver, como se constata em alguns cases de assessorias de imprensa e/ou fatos de alta relevância, variações de atenção do público, conforme a natureza do assunto. Não há pesquisa similar para comparações como essa sobre a Rio+20, mas, com certeza, o resultado dos jogos entre Corinthians e Santos na semifinal da Libertadores da América, os casos Nardoni, do ex-goleiro Bruno do Flamengo e de Elize Araújo Matsunaga são exemplos de noticiário com praticamente 100% de registro na opinião pública.
Assim, tudo indica que, mais do que ler pouco ou dar pequena atenção ao conteúdo do jornalismo, o brasileiro é, sim, seletivo nos seus interesses pelo que é veiculado nos meios de comunicação. Dessa maneira, não basta acrescentar estratégias eficazes de divulgação em blogs e sites e de exploração das redes sociais às ações de assessoria de imprensa. Tudo isso é necessário, mas insuficiente. Mesmo sem que se façam novos estudos sobre essa complexa questão, é premente estabelecer um pressuposto indispensável para toda estratégia: estudar em profundidade os veículos e temas que maior impacto têm no público de interesse prioritário de cada organização.
Muito se tem falado sobre a relevância de ações múltiplas de comunicação social, abrangendo mídia jornalística, endomarketing, redes sociais, comunicação direta... É preciso fazer mesmo isso, mas está na hora de ir além. Torna-se indispensável pesquisar cada caso, antes de se delinear toda uma estratégia comunicacional. Tal processo implica custo, mas é melhor investir em resultados concretos do que pagar menos por algo ineficaz! É importante, ainda, que as escolas de comunicação dediquem-se a estudar essa intrincada equação. Eis aí um perfeito exemplo da contribuição da academia ao universo corporativo.
Precisamos desenvolver conhecimento científico nessa área. Se continuarmos no empirismo, repetir-se-á com crescente frequência a seguinte cena: ao analisar o consistente clipping mensal apresentado por sua assessoria de imprensa, o CEO da organização questiona como é possível, com tamanha visibilidade de mídia, continuar desconhecido por tanta gente. Ironicamente, ele deu entrevista ao Jornal Nacional, teve artigos de opinião publicados na Folha e no Estadão e as estatísticas de seu negócio ocuparam amplo espaço nas seções de economia. Porém, seu vizinho, ao cumprimentá-lo no elevador, perguntou: “Em que empresa você trabal