Não recebi... puxa, você mandou?
Existem avanços tecnológicos de tamanho impacto, que implicam, necessariamente, transformações culturais e comportamentais. Um desses exemplos é a internet, que mudou radicalmente a maneira das pessoas se comunicarem, trabalharem e interagirem socialmente. Esta constatação é óbvia, mas pertinente para alertar que a ferramenta não é compatível com a velha e rançosa prática da desculpa de que “mandei” ou “não recebi a mensagem, o convite, o contrato, o release, a agenda...”
Quem ainda cultiva esse péssimo hábito precisa entender que a internet tem protocolos precisos para se confirmar se um e-mail foi ou não recebido ou enviado, se é autêntico ou se sofreu alterações por parte dos destinatários. Afinal, dependendo do grau de importância de uma mensagem, o fato de ela não ter sido enviada ou de não ter sido recebida pode até mesmo ter implicações jurídicas. Então, é pouco inteligente, além de condenável eticamente, afirmar que se mandou ou que não se recebeu um e-mail, quando isso não for verdade. Até para as pequenas (?) mentiras sobre isso é preciso conhecer os protocolos das ferramentas tecnológicas e a legislação que rege sua utilização no País.
Para ilustrar a gravidade desse hábito das chamadas desculpas esfarrapadas, lembro a história real de um jornalista brasileiro que trabalhava em organização de comunicação nos Estados Unidos, nos tempos anteriores à internet. Seu chefe, um jornalista norte-americano, emitiu convite aos funcionários, pelo Correio, para seu aniversário, que seria num sábado. O colega brasileiro não foi à festa. Na segunda-feira, ante a inevitável pergunta do porquê de não ter comparecido, não teve dúvidas em responder: “Não recebi o convite”.
Passados três dias, um funcionário do Correio foi à casa do jornalista brasileiro. Educado, desculpou-se pela falha na entrega da correspondência e informou que estava em curso uma sindicância para apurar o ocorrido. Resultado: o colega foi detido por “difamação contra uma instituição dos Estados Unidos”, teve de constituir advogado para sua defesa e de se retratar publicamente. Ah, sim, perdeu o emprego, o bom salário que recebia em dólares e teve de retornar ao Brasil.
Esse episódio escancara a gravidade de algo que parece banal para algumas pessoas. É prudente lembrar que a mentira do “mandei” ou “não recebi” tem pernas tão curtas na internet quanto ocorria nos tempos das mensagens enviadas pelos correios.
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