Cada vez que eu ouço ou leio alguém discorrendo sobre a importância da comunicação interna, eu fico particularmente feliz. Afinal, já houve um tempo em que esse era um dos processos de menor visibilidade na rotina de um comunicador empresarial, visto como um conjunto de atividades que mais servia à área de Recursos Humanos – dentro de uma perspectiva instrumental de facilitar o trabalho dessa área - que à gestão ou mesmo às pessoas. 

 

A “turma” da comunicação interna era quem se ocupava de fazer o jornalzinho da firma, a festa de final de ano ou campanhas, algumas super-relevantes, como valores corporativos e segurança do trabalho, outras... talvez nem tanto. Havia também aqueles colegas que, durante o período das negociações coletivas ficavam do lado de fora da sala esperando o sinal verde para correr contra o tempo e divulgar a proposta da empresa aos empregados – para esses, o primeiro upgrade foi sentar-se a mesa de negociação e, depois, galgar a posição de participar oficialmente da comissão. 

 

Hoje, se por um lado é indiscutível a importância estratégica da comunicação com os empregados, por outro ainda é possível identificar que não há um consenso sobre os objetivos, meios e resultados desse processo. Ainda é extremamente necessário manter fluxos de informação, conectando as pessoas e os objetivos empresariais - o bom é que hoje podemos fazer mais do que o “jornalzinho”, mas isso por si só (apesar de representar um trabalho considerável), já não basta. O final do ano continua a ser um momento de muito trabalho, mas a área não precisa mais fazer a festa sozinha. As campanhas internas são mais profissionalizadas, mas não bastam apenas estarem alinhadas ao posicionamento da marca, necessitam, de fato, de uma busca permanente por consistência, adaptação e relevância. Os gestores já percebem mais facilmente a importância de comunicar – para dentro e para fora, de maneira clara, simples e objetiva, mas têm cada vez menos tempo para isso.

 

Ou seja, nem por isso a vida de quem trabalha na comunicação interna ficou mais fácil. Até porque, o empregado mudou... Ele não tem mais uma postura tão passiva quando o tema é comunicação na e da organização. Bem ao contrário: com acesso as redes sociais on-line, hoje ele fala, e muito, sobre as organizações para as quais trabalha. Com isso, as práticas dos comunicadores precisam ir além do informar e conectar – precisam influenciar e construir vínculos de longo prazo (mesmo considerando que o prazo de permanência de um empregado nas empresas é cada vez menor). Ignorar esse “novo” trabalhador e esse novo contexto organizacional é ignorar que o poder de construir e manter a reputação hoje está, ainda mais, "dentro de casa".