Que piloto, que nada! O negócio agora é "prototipar"
Não adianta procurar. Você não irá encontrar o significado de “prototipar” em nenhum dicionário. E não é apenas a língua portuguesa que ignora o novo verbo. A maioria das empresas ainda continua sem ter a menor ideia do que seja, por exemplo, uma “prototipagem”. O mais incrível, no entanto, é que ela pode ser observada em tudo quanto é lugar e já há muitos e muitos anos.
Pablo Picasso, considerado um dos artistas mais produtivos e inovadores de todos os tempos, era o rei da “prototipagem”. Uma de suas obras mais importantes e escolhida para ilustrar esse artigo, “Les demoiselles d’Avignon“, teria sido iniciada em 1905 e só concluída entre 1906 e 1907, consumindo esboços sem fim até que o pintor se desse por satisfeito. Neste vídeo “A Morte de um Matador”, extraído do documentário “O Mistério de Picasso”, de H. G. Clouzot, pode-se observar mais facilmente o processo criativo do artista, todo baseado na experimentação, em um ciclo quase interminável de tentativa e erro. O que fazia Picasso? “Prototipava”, é claro.
A IDEO só se tornou uma das mais inventivas consultorias de design do mundo porque aprendeu a aplicar como poucos as técnicas da “prototipagem”, onde o objetivo é falhar o quanto antes, em pequena escala, para depois poder implantar em grande escala. Nesse aspecto, protótipo não é o mesmo que piloto. Você que trabalha em uma ou para uma organização sabe muito bem que o que se espera de qualquer projeto piloto é que ele esteja o mais certo possível, pois a hora da morte – sim, o temível “deadline” - bate à sua porta. No entanto, quando partimos direto para o piloto, estamos tão perto da implantação que risco e custo já atingem níveis que nos inibem – para não dizer proíbem – de errar. E se não pudermos errar antes, erraremos quando?
Parece que pilotos perderam sua natureza de protótipo quando se renderam à cultura do “caminho curto-caminho longo”, ou seja, “pouco planejamento-muito retrabalho”, algo que aceitamos como se não houvesse outra alternativa. No entanto, a pressão por inovar tem motivado muitas empresas a buscarem no sentido perdido da “prototipagem” um caminho simples, rápido e barato para experimentar novas ideias. Já há muita literatura sobre o assunto, com destaque para o trabalho que vem sendo desenvolvido pelo professor do MIT Otto Scharmer, autor de inúmeros livros sobre transformação organizacional e fundador do Instituto Presencing , que se dedica justamente à criação coletiva de tecnologias sociais para agentes de mudança e inovação pelo mundo, apostando em ferramentas como a “prototipagem”.
Pense nisso da próxima vez em que vierem lhe pedir um projeto piloto e, antes de colocar desnecessariamente em risco a sua reputação e a da área ou empresa que o contatou, proponha construírem um protótipo. Você e seu cliente ainda acabarão descobrindo que errar rápido é o melhor negócio.
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