Mais RP e menos propaganda, por favor!
Vivemos um 2015 no qual a propaganda venceu as Relações Públicas. Falo da propaganda em seu sentido mais vil – e que deturpa os princípios da atividade – , o de manipular a opinião, apresentando os fatos seletivamente (possibilitando a mentira por omissão) para encorajar determinadas conclusões, ou usar mensagens exageradas para produzir uma resposta emocional e não racional à informação apresentada. Propaganda usada tanto na tentativa desesperada de salvar uma cultura de consumismo que já agoniza há vários anos, quanto como arma para invalidar pontos de vista discordantes e desqualificar mentes dissonantes, o que se manifestou – e continua se manifestando – no debate partidarizado que transformou os veículos de imprensa em assessorias, às vezes, explícitas de facções políticas e se espalhou como uma praga incontrolável nas conversas, ou melhor, “não-conversas” das redes sociais.
Assistimos, portanto, ao emprego dessa abordagem não apenas de quem vive explicitamente do negócio da propaganda, de quem se espera, de fato, que ajude a selecionar histórias que ajudem a vender um tipo de imagem que favoreça o consumo, mas também observamos prática semelhante de quem deveria estar honrando a profissão de Relações Públicas.
Na definição da Associação Brasileira de Relações Públicas, "Relações Públicas é a atividade e o esforço deliberado, planejado e contínuo para estabelecer e manter a compreensão mútua entre uma instituição pública ou privada e os grupos de pessoas a que esteja, direta ou indiretamente, ligada". Não encontrei em nenhum documento oficial qualquer indicação que a atividade de RP também inclui a ocultação dos fatos ou manipulação de informações, defendendo um único ponto de vista como expressão da verdade, coisa que observei aos montões nos escândalos envolvendo organizações públicas e privadas que se amplificaram ao longo de 2015 e prometem seguir “firmes e fortes” em 2016.
Se o objetivo era tentar sobreviver em meio à lama, parece que deu certo. Tanto é que as empresas em questão estão aí, sofrendo visivelmente nos balanços financeiros, mas apostando que a memória curta do brasileiro se incumba de ajudá-las num futuro próximo. Mas sou um otimista, e, mesmo não tendo formação acadêmica na área de Relações Públicas, sempre admirei essa profissão e os grandes profissionais que cruzaram minha trajetória e com os quais aprendi muita coisa. Por isso, espero que esses mesmos profissionais, assim como os jovens profissionais que se espelharam algum dia nas histórias deles para abraçar essa linda profissão, façam de 2016 o ano das Relações Públicas. Mais do que isso, que venham jornalistas, publicitários, advogados, psicólogos, sociólogos, administradores, engenheiros e quem mais quiser se juntar a esse caldo cultural que forma as áreas de Comunicação das empresas para fazer de 2016 o ano do diálogo e do interesse genuíno no bem comum, custe o que custar.
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