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COLUNAS


Fabio Betti Salgado


Fábio Betti Salgado é sócio consultor da Corall, consultoria com o objetivo de catalizar a criação e transformação das organizações para o surgimento de uma nova economia, baseada em bem-estar e felicidade, prosperidade distribuída e uso eficiente de recursos. Iniciou na área de comunicação em 1988, na Johnson & Johnson, e, depois, especializou-se em comunicação interna na Dow Química. Foi sócio da Novacia de 1995 a 2009 e, desde 2010, vem atuando como consultor em processos de transformação cultural, tendo como principal abordagem a cultura de diálogo e a comunicação de liderança. Graduado em Jornalismo (PUC-SP), com pós-graduação em Comunicação Empresarial (ESPM) e diversos cursos de extensão e especialização nas áreas de gestão, marketing e publicidade, Fábio é mestrando em Biologia-Cultural (Universidade Mayor do Chile), formado em consultoria antroposófica (ADIGO) e professor da ABERJE, Escola de Diálogo e Escola Matriztica de Santiago. Escreve regularmente sobre comunicação para sites e associações setoriais. Além disso, mantém um blog pessoal para conversar sobre o diálogo nos diferentes domínios dos relacionamentos.

Mais RP e menos propaganda, por favor!

              Publicado em 17/01/2016

Vivemos um 2015 no qual a propaganda venceu as Relações Públicas. Falo da propaganda em seu sentido mais vil – e que deturpa os princípios da atividade – , o de manipular a opinião, apresentando os fatos seletivamente (possibilitando a mentira por omissão) para encorajar determinadas conclusões, ou usar mensagens exageradas para produzir uma resposta emocional e não racional à informação apresentada. Propaganda usada tanto na tentativa desesperada de salvar uma cultura de consumismo que já agoniza há vários anos, quanto como arma para invalidar pontos de vista discordantes e desqualificar mentes dissonantes, o que se manifestou – e continua se manifestando – no debate partidarizado que transformou os veículos de imprensa em assessorias, às vezes, explícitas de facções políticas e se espalhou como uma praga incontrolável nas conversas, ou melhor, “não-conversas” das redes sociais.

Assistimos, portanto, ao emprego dessa abordagem não apenas de quem vive explicitamente do negócio da propaganda, de quem se espera, de fato, que ajude a selecionar histórias que ajudem a vender um tipo de imagem que favoreça o consumo, mas também observamos prática semelhante de quem deveria estar honrando a profissão de Relações Públicas. 

Na definição da Associação Brasileira de Relações Públicas, "Relações Públicas é a atividade e o esforço deliberado, planejado e contínuo para estabelecer e manter a compreensão mútua entre uma instituição pública ou privada e os grupos de pessoas a que esteja, direta ou indiretamente, ligada". Não encontrei em nenhum documento oficial qualquer indicação que a atividade de RP também inclui a ocultação dos fatos ou manipulação de informações, defendendo um único ponto de vista como expressão da verdade, coisa que observei aos montões nos escândalos envolvendo organizações públicas e privadas que se amplificaram ao longo de 2015 e prometem seguir “firmes e fortes” em 2016.

Se o objetivo era tentar sobreviver em meio à lama, parece que deu certo. Tanto é que as empresas em questão estão aí, sofrendo visivelmente nos balanços financeiros, mas apostando que a memória curta do brasileiro se incumba de ajudá-las num futuro próximo. Mas sou um otimista, e, mesmo não tendo formação acadêmica na área de Relações Públicas, sempre admirei essa profissão e os grandes profissionais que cruzaram minha trajetória e com os quais aprendi muita coisa. Por isso, espero que esses mesmos profissionais, assim como os jovens profissionais que se espelharam algum dia nas histórias deles para abraçar essa linda profissão, façam de 2016 o ano das Relações Públicas. Mais do que isso, que venham jornalistas, publicitários, advogados, psicólogos, sociólogos, administradores, engenheiros e quem mais quiser se juntar a esse caldo cultural que forma as áreas de Comunicação das empresas para fazer de 2016 o ano do diálogo e do interesse genuíno no bem comum, custe o que custar.


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