Dois Brasis, um caminho democrático
Houve um tempo, não muito distante, em que se falava em dois Brasis: um mais próximo da Bélgica, rico e próspero, o outro, uma versão tropical da Índia, pobre e atrasado. Hoje, a mensagem que vem das manifestações que inundam as ruas, falam de dois brasis radicalmente diversos: um que quer ser visto e reivindica democracia real, o outro, atônito, que não consegue entender, em profundidade, o que está acontecendo, e teima em permanecer prisioneiro dos seus atavismos.
Manifestações não são novidades, tanto em países democráticos como em países não democráticos. A revista The Economist publicou, em junho deste ano, a matéria de capa “A marcha dos protestos”, que retrata a perfeição de tais fenômenos. Fala da Europa de 1848, ano em que foi publicado o Manifesto Comunista escrito por Marx e Engels, quando houve levantes operários e os governos se sentiram acuados; fala das marchas pelos direitos civis nos Estados Unidos no agitado ano de 1968; e de 1989 quando houve as mobilizações que levaram a ruína do império soviético e ao fim da guerra fria; e, agora, as mobilizações por toda a parte.
O que está acontecendo? Há um crescente descompasso entre o que a sociedade almeja e o que os governantes impõem ou acreditam que seja correto. É uma dissintonia típica do que acontece em épocas de grandes mudanças. O dado novo, agora, é que a sociedade está muito melhor informada graças às redes sociais, e o Estado constitui, na vida cotidiana, um obstáculo ao exercício pleno da democracia. Na Europa de 1848 os levantes operários levaram a Comuna de Paris e a Revolução Russa de 1917. Os demais movimentos convergiram para a democracia, com liberdade de iniciativa e avanços dos direitos civis. Agora se busca a reforma do Estado, com correção dos desequilíbrios sociais. Não são movimentos revolucionários, são reformistas no melhor sentido que a palavra reforma possa significar.
O Brasil, nesse contexto, não é exceção. Não se deseja derrubar o governo, mas democratizá-lo. O que surpreende é que a sociedade parecia indiferente e, de repente, explodiu. Há um despertar para a política e uma rejeição efetiva e ampla à ilusão. Isso vai exigir mais do que entender o que acontece e as origens dos fenômenos das ruas. A alternativa, a luz que primeiro deve se acender, é a mudança objetiva da forma de fazer comunicação.
Primeiro, e o mais importante, é ouvir e atender as demandas da sociedade. Em paralelo, é urgente uma mudança total de comportamento. A coisa pública existe e deve ser cuidada. O interesse público se encontra acima dos interesses individuais. A reforma não se limita aos horizontes da política. Trata-se, acima de tudo, de uma reforma cultural e legal. Assim, torna-se vital ouvir e seguir orientações dos assessores de comunicação, que passam a ser cada vez mais estratégicos no ambiente de mudança e na arte de seguir os ventos quentes que sopram das ruas.
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