Uma perspectiva relacional da Web 2.0
O surgimento da internet e o avanço das tecnologias de informação e comunicação (TIC) são responsáveis por mudanças significativas na sociedade contemporânea. E, por meio dessas tecnologias, é possível pensar novos desafios e possibilidades para a comunicação no contexto das organizações.
Um primeiro aspecto a ser destacado, entretanto, é que comunicação e interação não podem ser consideradas fenômenos novos. Desde o surgimento da linguagem e da vida em sociedade, estas são atividades inerentes aos seres humanos. A inovação está na utilização, cada vez mais intensa, das tecnologias da informação e comunicação para a produção e circulação de mensagens. Com o surgimento da internet, há uma alteração dos processos comunicacionais, o que acaba por modificar a relação tempo-espaço e reconfigurar a forma de organização do mundo. Nesse sentido, é possível afirmar que a virtualização não cria uma nova comunicação, mas altera as características dos processos comunicacionais.
A partir do surgimento da internet, passamos a acessar uma grande quantidade de informações, das diversas áreas de conhecimento. As organizações produziram seus sites institucionais, os museus mais importantes do mundo criaram ambientes virtuais e a comunicação interpessoal passou a ser possível por meio de chats e videoconferências, e-mail ou listas de discussão. Alguns autores passaram a chamar essa fase da web como 1.0. Um meio que, apesar de revolucionário, simplesmente reproduzia a lógica já existente de produção e consumo da informação. E as organizações, muitas vezes comprometidas com um modelo funcionalista, utilizavam a rede como mais um canal para transmissão de informações. A internet se configurava apenas como mais um elemento do mix comunicacional.
Já a Web 2.0, considerada como uma segunda geração tecnológica de serviços da internet, traz como premissa a colaboração e o compartilhamento de conhecimento. Também conhecida como web social, surge como uma espécie de ambiência onde sujeitos podem expressar, divulgar e produzir conhecimento, principal característica que a difere da versão anterior, em que a internet era apenas um espaço de disseminação da informação.
Não é possível demarcar com exatidão o surgimento da Web 2.0 ou uma fronteira claramente definida, mas um de seus princípios fundamentais é que os serviços sejam disponibilizados em plataforma Web, ou seja, em vez de serem acessados por meio de um programa de computador, um software, os usuários devem utilizá-los on-line. Para além de seu aspecto tecnológico, pensar a Web 2.0 significa pensar em um novo espaço de interações. Os processos que se passam tanto na instância da produção quanto no campo da recepção, não devem ser vistos como um simples mecanismo linear de transmissão de significados. Mais do que um espaço para produção e divulgação de informações, é um ambiente rico em possibilidades de interação que potencializa a coletividade e o relacionamento.
A mudança mais relevante proporcionada pelas ferramentas da Web 2.0 é a possibilidade de colaboração em massa e o compartilhamento de conhecimento. Por meio de serviços como blogs e microblogs, wikis, redes de relacionamentos e ferramentas de compartilhamento de vídeos e fotos, os internautas podem discutir assuntos de interesse comum, participando ativamente do processo comunicativo. É nesse sentido que se propõe entender a Web 2.0 a partir de sua perspectiva relacional. Se pensarmos que indivíduos e sociedade se constituem juntos a partir do ato social, ou seja, a interação, é nesta perspectiva que o fenômeno comunicativo ocorre.
Assim, como ambiente de interação, a Web 2.0 representa um espaço convidativo à comunicação, a trocas simbólicas, a construções e re-construções da realidade num espaço social virtual onde indivíduos se relacionam.
Fernanda Bastos é membro do Grupo de Pesquisa “Comunicação no contexto organizacional: aspectos teórico-conceituais” (CNPq/PUC Minas). É mestre em Comunicação Social pela PUC-Mina, professora em cursos de graduação e pós-graduação e consultora na área de comunicação organizacional.
E-mail:febastos@gmail.com
Ao receber o convite da Aberje para assumir mensalmente esta coluna no seu site, propus a ampliação de participação com os meus colegas do Grupo de Pesquisa, “Comunicação no contexto organizacional: aspectos teóricos conceituais”, PUC-Minas/CNPq. O diálogo aberto permite a troca reflexões e estabelecer um vínculo mais próximo com o mundo profissional. Vamos trazer mensalmente assuntos relacionados à comunicação no contexto organizacional, e desejamos receber opiniões de nossos leitores.
Os artigos aqui apresentados n�o necessariamente refletem a opini�o da Aberje
e seu conte�do � de exclusiva responsabilidade do autor. 1697
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