Conexões e Comunicação
Há poucos dias, assisti ao vídeo com o discurso de Steve Jobs durante a formatura de um grupo de estudantes da Universidade de Stanford/ EUA, realizada em 2005. Eu nunca tinha ouvido Jobs, e tudo o que conhecia de sua vida estava relacionado à trajetória de sucesso a frente de uma das mais inovadoras empresas do mundo, a Apple. Carregado de simplicidade, pessoalidade e emoção, o discurso me marcou muito, especialmente quando ele fala que “ não é possível fazer conexões olhando para o futuro, apenas para o passado”. Essa frase não saiu da minha cabeça e hoje, preparando essa coluna, eu entendi o porquê.
Talvez um dos mais importantes papéis que nós, Comunicadores, tenhamos é o de ajudar as pessoas a fazerem as conexões: conexões que permitem compreender por que diariamente nos relacionamos, consumimos, trabalhamos, avaliamos e somos avaliados, ou, ainda, vivemos uma parte importante de nossas vidas em contato com organizações. Assim, somos um pouco mediadores do tempo e do espaço, na medida em que o nosso trabalho conecta pessoas, histórias, organizações.
Na comunicação com empregados, por exemplo, ao vincular os acontecimentos divulgados nos veículos internos a uma agenda, a uma causa comum, escapamos do pesadelo de estarmos produzindo apenas o “jornalzinho” que na primeira oscilação orçamentária será cortado. Cada nota, cada texto, ao ser tratado – e percebido – como um elemento que permite às pessoas compreenderem a trajetória que está sendo construída, tem um enorme potencial para transformar ideias em realidade, vontades em realizações e impressões em reputação.
Por outro lado, ao falar de produtos, temos que nos preocupar cada vez mais em contar a história por trás desse produto e colocá-lo em um contexto. Num mundo cada vez mais “commoditizado”, a maneira como os bens são feitos, assim como a gestão dos impactos de sua produção, fazem muita diferença no momento de decisão de compra.
Essa reflexão traz em si a responsabilidade que temos, como indivíduos e profissionais. Uma conexão equivocada, enviesada, atropelada e... pronto! Lá se vai uma importante oportunidade de relacionamento. Assumir esse papel significa que temos que buscar empatia e soluções ancoradas no interesse genuíno pelos nossos interlocutores. O que é absolutamente alinhado ao desafio sinalizado por Gary Grates, que ministrou um módulo do curso Internacional da Aberje em maio, quando ele diz que a Comunicação Corporativa tem que evoluir da busca de sensibilização para a busca da compreensão.
E daí vem outra reflexão sobre mais uma responsabilidade que temos: a de ajudar as organizações a se conectarem, facilitando o entendimento de cenários, territórios e relacionamentos que impactam o seu dia a dia e podem contribuir para o alcance de seus objetivos ou atrapalhar a implantação de suas estratégias de negócios. Nessa esfera, equívocos são tão ou mais graves, uma vez que, além do risco da perda do relacionamento ou cliente, pode-se gerar um sério dano à reputação organizacional ou ter cassada a sua licença para operar.
Assim, temos que atuar contribuindo para conectar as expectativas e perspectivas das organizações e suas partes interessadas, buscando meios para que o diálogo aconteça de forma autêntica, próxima, coerente e honesta. E isso independe de um posicionamento low, medium ou high profile.
Tantos desafios em uma profissão que está em evidente processo de transformação... Qual seria a fórmula mágica para desempenharmos esses papéis com sucesso? Não dá para ter uma resposta pronta, mas acredito que foco, sede de aprendizado, ética e, sobretudo, paixão, são fundamentais. Em cada processo que lideramos. Em cada entrega que fazemos. Não dá para trabalhar em Comunicação sem brilho no olhar ou sem uma batida forte de coração. Somos conhecimento. Somos técnica. Mas, sobretudo, somos conexão.
Para ver o discurso de Steve Jobs, acesse o link.
Os textos que publico aqui refletem ideias e opiniões pessoais e não podem ser considerados como posicionamento da C&A sobre os temas tratados.
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