Seis bilhões de Outros
Dizem por aí que as idéias flutuam no mundo e que “pousam”, por vezes, nos mesmos momentos em pessoas, locais e grupos diversos. O que alguns chamam de “sincronicidade”, outros denominam por “cultura”, “comportamento”... Pensei muito sobre isto domingo passado, quando visitei a exposição “6 bilhões de Outros” , inaugurada em 20 de abril deste ano, no MASP, em São Paulo. A exposição – e também o site- traz o resultado de um trabalho, iniciado em 2003, por Yann Arthus-Bertrand. Foram mais de 5 mil entrevistas gravadas em vídeo em 78 países. Pequenas histórias e visões de mundo são expostas de forma simples e elegante em tendas temáticas que apresentam, em vídeo, pequenos trechos da vida de pessoas de todo mundo.
Visitar a exposição me levou a refletir sobre o início do Museu da Pessoa, há quase 20 anos atrás... Naquele momento, afirmar que as histórias de vida de pessoas anônimas poderiam se tornar foco para a produção de conhecimento e fonte para a produção de políticas públicas e estratégias empresariais era ainda um pouco inusitado. Ao visitar a exposição, percebi o quanto a cultura contemporânea veio absorvendo essa idéia. O público fica completamente absorto e mergulhado em histórias de amor, casamento, família. Fora o interesse causado pelos rostos e vestimentas presentes nos vídeos (o exótico é sempre fascinante), as narrativas são, em si, fonte de inspiração e entretenimento. Nada mais natural. São temas presentes na vida de cada um de nós, aqui e em todas as outras partes do mundo. A magia das histórias de pessoas comuns veio para ficar. É uma tendência da cultura, da produção de conhecimento, da mídia de massa e da comunicação.
É certo que esta tendência pode ter seu reverso e, em alguns casos, chega à pura banalização ou mesmo à espetacularização do eu (nada mais representativo disto do que os perfis de Twitter das celebridades). Mas nada disto descarta o potencial que as histórias possuem para comunicar e transformar.
O acervo do Museu da Pessoa, que possui 14 mil histórias de vida, contém narrativas surpreendentes sobre o Brasil, como o trecho abaixo:
“Todo mundo tinha medo daquele lugar. Todo mundo criticava, dizendo que Henry Ford tinha fracassado, que a estrada de Ferro Madeira-Mamoré fora tragada pela floresta e que estávamos com nosso fracasso garantido. Muitas histórias, muita mitologia e um aviso: vai fracassar, está perdido, pode enterrar que já é cadáver”. Havia muito medo de doença, mas nada disso aconteceu, porque Carajás nem mosquito tem.”
(Eliezer Batista, presidente da Companhia Vale do Rio Doce)
PS: Não deixem de visitar a exposição e conhecer o site.
Site: www.6bilhõesdeoutros.org
Exposição: 20 de abril a 10 de julho de 2001
MASP
Avenida Paulista, 1.578 São Paulo/ SP
Os artigos aqui apresentados n�o necessariamente refletem a opini�o da Aberje
e seu conte�do � de exclusiva responsabilidade do autor. 2259
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