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Francisco Viana
viana@hermescomunicacao.com.br

Jornalista, Doutor em Filosofia Política (PUC-SP) e consultor de empresas.

 

O sábio e o moderno

              Publicado em 27/04/2011

A dúvida é absurda. Surge portanto a pergunta;” por que eu duvido?”
Vilém Flusser

A vida como movimento, mudança, perigo: ser moderno.
Nelson Brissac Peixoto




Na Comunicação nada pior do que o sábio, nada melhor que o moderno. O sábio, a exemplo dos filósofos da Antiguidade, é aquele que imagina tudo saber. Não ouve, não constrói o planejamento e a ação comunicativa a partir do conhecimento e experiência das equipes. Tem uma visão ordenada do que pretende fazer e, por isso, constrói sistemas fechados. O sábio é aquele que diz sempre: “Eu discordo”. Está fechado para o mundo.

O moderno é diferente. De saída, ele entende que vive num mundo estilhaçado, embora possa, em muitos casos. Parecer bem atado. Sabe que as equipes, na sua multiplicidade de visões, têm o que dizer, têm o que contribuir. Que cada desafio da comunicação exige novos saberes e, sobretudo, saber ouvir. Portanto, o sábio não concorda, nem discorda. Ele é um catalisador. Renova suas propostas ouvindo o que todos têm a dizer, fazendo sínteses, imaginando que a renovação das ações é permanente.

O comunicador sábio é um personagem clássico. Para ele, tudo no mundo se encontra planejado e ordenado. É isso que possibilidade, pelo que ele pensa, acreditar nas relações de causa e efeito e, em especial, não ceder à tentação da dúvida. Quanto faz perguntas, é para comprovar o que já imagina, antecipadamente, o que seja real. O comunicador moderno pensa justamente de forma oposta: sabe que nada está ordenado, que nada é previsível e que a comunicação é como o ser humano aristotélico: uma permanente incógnita. Quando faz perguntas,  deseja realmente conhecer. Ampliar horizontes.

Daí, o comunicador moderno, a despeito de todo o conhecimento prático e teórico que possa ter, a despeito de todo o conhecimento teórico, e indispensável, que acumula,  dispor de uma única certeza: a dúvida é permanente. E a dúvida exige espíritos polivalentes. Espíritos que possam questionar, mas que não se deixam imobilizar pelos questionamentos. Espíritos que vão extrair certezas das incertezas.

O sábio sempre dirá: “Isso já fizemos” , “isso já tentamos”. “isso é impossível”. O moderno vai retrucar: “Vamos analisar o fio e o calor. Vamos separar razão e emoção e agir das duas formas, com a razão sempre preponderando.” E, por quê? Nada existe na Comunicação sem entusiasmo, mas também nada vai dar resultados se não preponderar a razão.” Essa a tendência da comunicação dos nossos dias: ter conhecimento, mas ser moderno. Nunca se fecha em saberes imóveis como estátuas que, geralmente, nada significam. Não envolvem as pessoas, não envolvem as equipes, carecem de sensibilidade para o fato de que nos movimentos em meio a uma sociedade de multidões, de múltiplos saberes. Em outras palavras, o sábio não pensa. E se pensa, olha para o passado. O moderno pensa sempre, é um pensador em tempo integral. Olha para o presente. Sabe assimilar o novo.


Leituras recomendadas:
PEIXOTO, Nelson Brissac. A sedução da barbárie. São Paulo: Brasiliense, 1982.

FGLAUSSER, Vilém. A dúvida. São Paulo: Annablume, 2011.


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