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COLUNAS


Francisco Viana
viana@hermescomunicacao.com.br

Jornalista, Doutor em Filosofia Política (PUC-SP) e consultor de empresas.

 

Dialogando com Janus

              Publicado em 17/02/2011

Como o mitológico Janus, são múltiplas as faces da imprensa. A face deprimida, o gosto pela ideologização, a sedução pelo espetáculo, a tendência à crítica pela crítica, suscita interpretações de extremos: a imprensa é um partido político, a imprensa busca exclusivamente o lucro e, consequentemente, o interesse econômico dos donos de jornais, a imprensa incentiva o medo em todas as suas dimensões, a começar pelo medo da luta de classes e da violência.

Na sua outra face, a face sorridente, as interpretações convergem para a busca do diálogo. Isto porque a imprensa inspira, no seu trabalho cotidiano, a despeito das contradições, a defesa do individuo contra o poder do Estado, a afirmação dos valores da liberdade, da igualdade e da fraternidade e, em especial, a defesa dos direitos humanos. Dai, a imprensa lembrar o deus Janus: é a esperança ativa da construção de uma democracia autêntica e, em paralelo, a anti-esperança.  A busca do diálogo é que construirá, a partir do choque dos contrários , uma nova síntese.

Esse o quatro da imprensa brasileira, no conjunto, e da imprensa regional no particular.  Em ambos os casos, os governos, sobretudo aqueles que buscam ampliar os espaços públicos, têm um longo e complexo caminho a trilhar. Em parte, porque existe um problema real de gestão para superar. E o problema de gestão, na sua essência, exige que os responsáveis enfrentem os problemas o momento . Eis uma das razões das crises de comunicação. Quando os impasses eclodem, os responsáveis recuam. Não vão para linha de frente e buscam soluções. Assumem as responsabilidades. Não. Transferem responsabilidades. Se esquivam. Ficam na superfície dos acontecimentos.

É uma questão de ética e método. Ética porque é preciso ter a consciência de que se torna imperativo assumir responsabilidades, encarar adversidades.  Há um compromisso e uma responsabilidade à serem levadas à prática. Por esse caminho é que se afirmam as consciências. É na transição entre o interior – o sentimento do que fazer, de como agir – e o exterior –as adversidades a superar - que as consciências se revelam na prática.

A mudança de atitude exige uma mudança anterior. Trata-se do pertencimento a uma projeto de governo. Ampliar os espaços públicos, por exemplo, exige percepção de um projeto coletivo, não de um projeto individual.  Como o Brasil é hoje um país democrático, se torna imprescindível dialogar. Dai, a visão exclusiva da face deprimida de Janus ser a anti-visão, a anti-esperança, a anti-democracia. Pode ser real, mas é incompleta. Não é dialética.

A opção pelo diálogo é o caminho para superar a face deprimida de Janus – o deus da política – e fazer com a face sorridente seja a preponderante. A melhor resposta à face deprimida da imprensa são boas gestões, atreladas a processos de comunicação que engajem gestores e sociedades num mesmo propósito de sedimentar a cultura democrática.  Voltar-se para a face deprimida de Janus é ficar prisioneiro do problema. A solução é cultivar, com a ação prática, a sua face sorridente.


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