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COLUNAS


Francisco Viana
viana@hermescomunicacao.com.br

Jornalista, Doutor em Filosofia Política (PUC-SP) e consultor de empresas.

 

Fofoca corporativa

              Publicado em 17/01/2011

Falta de tempo – eis uma reclamação muito comum nas corporações. Falta tempo para produzir, tempo para estudar, tempo refletir. A falta de tempo é atribuída à rapidez e multiplicidade das comunicações eletrônicas. E não deixa de ser verdade. Houve uma brutal aceleração do tempo e, por outro lado, as cidades brasileiras se tornaram hostis devido ao trânsito. Mas há um problema igualmente grave: gasta-se muito tempo falando dos companheiros de trabalho, em outras palavras, fofocando.
 
É um mal antigo, que remonta à falta de informação. Ou, à indisposição para se buscar a informação verdadeira, de qualidade. Em filosofia, se chamaria essa distorção, digamos assim, de “verdade sensível”, ou a predisposição para o homem, no sentido do ser, de absorver as notícias, sejam elas quais forem, sem questionar, sem procurar saber suas origens, seus contextos, a credibilidade das fontes. “Checar”, eis a palavra correta.
 
Assim, qualquer “notícia”, por precária que seja, vira verdade e passa a circular. Perde-se um tempo abissal. O boato enfraquece as equipes de trabalho, indispõe os companheiros – aqueles que partilham o mesmo pão, na definição que data da origem da primeira grande empresa, a Companhia das Índias Ocidentais em 1601 – uns contra os outros, impede que se encontre soluções em lugar de fortalecer problemas. Isto explica a urgência de colocar a superação da fofoca como parte integrante da comunicação interna.
 
É vital que se fale de coisas, não de pessoas.  Falar das coisas une as pessoas, falar das pessoas desune. Que não se divulgue notícias junto aos companheiros de trabalho, seja o que for,  sem que antes se se tenha certeza da sua veracidade, que se fortalece os laços de solidariedade. Falar das pessoas, só em situações comprovadamente reais. Esses são cuidados que se deve ter sempre. A rapidez com que a informação circula, favorece ao erro.  Pega-se no ar uma informação e logo se passa adiante e mais adiante, se ultrapassa, inclusive, os limites do ambiente corporativo.

Nada disso é saudável. Encolhe-se o tempo, produz-se  resultados negativos. Semeia-se inimigos. Cria-se um clima de paranóia. A fofoca faz com que as pessoas se tornem pobres em tempo. Às vezes rica em poder ou em dinheiro, mas vazias de espírito e de tempo. Esse é um aspecto da comunicação frequentemente esquecido. Em palestra e treinamento, geralmente pergunto: quanto tempo se perde fazendo fofoca? Alguém já mensurou? As pessoas olham umas para outras e riem discretamente. É um hábito que precisa mudar. A boa comunicação assim exige. E a falta de tempo também. No fundo, é uma questão de educação: do espírito, da inteligência.


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