Responsabilidade e Sustentabilidade
O termo sustentabilidade, como tantos outros no Brasil, está se vulgarizando muito rapidamente. Temos a característica de utilizar, com exaustão, termos e neologismos que acabam “na boca do povo” e o sentido se populariza e vira a tábua de salvação de todos, usado até em conversas de botequim.
Sejamos então menos óbvios, levando mais a sério a sustentabilidade. Na visão desse colunista, sustentabilidade anda junto com responsabilidade. Responsabilidade ao consumir e ao se comunicar.
Hans Jonas, filósofo alemão que faleceu em 1993 aos 90 anos, nos Estados Unidos, dedicou sua vida a estudar o que chamou de “Princípio da Responsabilidade”. Para Jonas, era necessário alertar as gerações futuras para o fato de que os avanços tecnológicos, quando mal administrados, podem gerar consequências irreparáveis que afetariam a vida humana e o planeta, apesar das conquistas positivas já adquiridas.
Jonas apresenta uma reflexão sobre os conceitos da ética e da moral, ressaltando a necessidade de limites que o homem deve se impor sobre os avanços para garantir a sua sobrevivência e a do meio ambiente. Tais limites deveriam direcionar a maneira de pensar e, sobretudo de agir do homem atual.
Em entrevista, Hélio Mattar, do Instituto Akatu, falou sobre a mudança no comportamento do consumidor e das empresas e que atitudes as pessoas deveriam tomar buscando preservar o meio ambiente. Conforme Mattar, as pesquisas mostram que há uma enorme diferença entre o que os consumidores falam e o que eles realmente fazem. O Akatu busca mudar a consciência do consumidor e seus impactos de consumo.
Para o instituto, o consumidor tem o poder de transformação da sociedade e do meio ambiente. Fechar uma torneira e apagar a luz são ações com benefícios de curto prazo, comum para 75% da população brasileira. A compra de produtos orgânicos ou com materiais reciclados é um comportamento de compra sustentável, mas aparece em apenas 30% da população brasileira.
Os avanços tecnológicos, principalmente os excessos, e os impactos provocados pelos resultados desta nova maneira de agir fazem com que seja necessário um consumo mais responsável, com novos princípios, com mudanças na forma de pensar e de agir, para minimizar os efeitos prejudiciais desses “avanços” e se adaptar a uma nova realidade.
Não existem outros registros de avanços tecnológicos como da chamada “modernidade”. Foi possível perceber benefícios indiscutíveis, mas, os custos desses avanços também são inegáveis. Problemas relativos às questões ambientais, dúvidas futuras apresentaram aspectos paradoxais para a ciência, pois o homem interfere na natureza, mas não tem poderes para controlar as técnicas necessárias.
Assim, o cuidado com a prevenção e com a antecipação dos riscos é necessária, pois o comportamento de consumo tradicional é fundamentado apenas em um agir presente, nas relações e nas conseqüências próximas, nas relações imediatas com essas novas tecnologias cada vez mais avançadas.
O ser humano é o único responsável por tudo e por todos e tem o poder de decidir o seu próprio destino e os destinos coletivos. É necessário estar em perfeita relação e sintonia com o mundo, com as coisas e com os outros homens. A compulsão desenfreada pelo consumo, sem medir suas consequências, revela um total falta de cuidado com o ambiente.
Jonas e o Akatu esperam de nós mais responsabilidade no agir para atingirmos a sustentabilidade. A responsabilidade no consumo, o respeito e o cuidado definitivamente são propostas éticas que devem fazer parte do ser humano. E para as organizações, espera-se uma comunicação mercadológica responsável que se baseie em fundamentos éticos e se apresenta como uma forma pedagógica de valorização das relações de consumo.
Os artigos aqui apresentados n�o necessariamente refletem a opini�o da Aberje
e seu conte�do � de exclusiva responsabilidade do autor. 2732
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