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Renato Martins


Relações Públicas, Publicitário, Mestre e Doutor em Comunicação e Semiótica pela PUCSP. Pesquisador e Professor de Graduação e Pós da Universidade Estadual de Londrina. Consultor nas áreas de Marketing, Comunicação Mercadológica, Relações Públicas e Propaganda. Avaliador do MEC/INEP, Institucional, de EAD e de cursos. Pós-doutor pela USP com Pesquisa em Comunicação Mercadológica Internacional.

Como escolher o nome para uma empresa internacional

              Publicado em 24/03/2015

Já está tudo encaminhado para iniciar as atividades, mas como a empresa vai chamar? Deveria fazer parte do Planejamento Estratégico, pois sempre é um desafio e uma das tarefas mais difíceis: dar nomes as empresas e aos seus produtos.

Um bom nome para a empresa é essencial pois deve remeter ao seu negócio e a uma boa imagem, para que seu cliente se lembrar dele.

Dia desses me deparei com um cartão de visitas da empresa “Maria com chá” e comecei a imaginar qual o seu negócio e o que ela vende. Uma pena, pois não tive oportunidade de dar uma busca no Google e fiquei sem saber do que se trata.

Nomes internacionais como Google (googol?) Haagen-Dazs e Coca-Cola não significam absolutamente nada, mas valem bilhões pela força da marca. Claro que o investimento publicitário e o tempo de existência têm um relevante papel nesse processo de fortalecimento de marca.

Um bom nome é o início de uma marca forte, distinta e uma força poderosa no mundo dos negócios. Mas também, na pior das hipóteses, pode levar a empresa ao ridículo. Quem se lembra dos carros Pinto e Xana?

Se seu negócio comportar, o ideal é contratar uma agência ou consultor especializado em marcas e nomes. É um atalho que poupa tempo e muito esforço. Se não permitir, continue na leitura.

Uma dica é tentar se colocar no lugar do seu cliente e imaginar o universo dele. Qual o significado das coisas para ele? Que cultura ou valores são importantes?

Outra informação é perceber se o nome “vende o negócio” ou significa algo para ele. Esse nome representa o meu negócio ou é algo que apenas eu percebi? O nome da empresa faz alusão ao negócio, direta ou indiretamente? Ele o diferencia dos concorrentes?

Qual o posicionamento pretendido pela empresa ou marca? Saber como deve ser entendido, e lembrado, é essencial para a estratégia de comunicação e um bom nome a diferencia dos demais. Atente que na comunicação menos é mais, portanto simplifique. Nike e Apple facilitam nossa vida na hora de lembrar e de pedir seus produtos.

Como se pronuncia o nome, e em qual língua, é fator diferencial para a sua comunicação. Um bom nome de preferência deve ser monossilábico e de fácil pronúncia, pois é imprescindível que ele seja memorizado e permaneça na mente dos consumidores. Muito cuidado com os ruídos e as duplas interpretações, como nos nomes acima.

Fuja das associações a modismos, que passam; a cidades ou lugares, porque você pretende crescer; a datas comemorativas, por que pode não representar nada a outros; a idades, a épocas; a festas religiosas e muito cuidado com as cores, pois podem ser associadas a times de futebol.

Lembre-se sempre de verificar a disponibilidade dos nomes escolhidos. Sim, sempre mais de um, pois a possibilidade de já terem pensado nele é grande. Para o necessário registro da marca, o ideal é consultar uma empresa cadastrada junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial, INPI e também na internet. São vários os sites de buscas que oferecem essa informação, tanto no Brasil quanto no exterior. O www.registro.br é o gestor nacional da atividade.

Nomes associados a famílias, quase sempre dos fundadores, demonstram comprometimento e podem ser boas ideias, se cumprirem com as regras acima. Lembre-se que esse será uma assinatura na carta de intenções com o cliente e que é essa família que está avalizando o negócio.

Nesse mundo sem fronteiras e globalizado, nomes internacionais têm uma dificuldade a mais, pois a cultura é um importante aliado (ou inimigo) da marca em cada país ou região prospectada.

Imagine nomes que precisam fazer sentido em Singapura, na África ou nos Estados Unidos. Até o alfabeto em alguns casos são diferentes. Agora tente imaginar um oriental tentado pronunciar “Coca-Cola”.

Encontrar um nome que funcione em diversos países é uma tarefa descomunal e o mercado da China é, com certeza, o mais interessante (em todos os sentidos) e mais complexo.  Simples traduções lá não trazem o efeito desejado e podem ser desastrosos em determinados “cantões”. Algumas marcas vão além da simples tradução, como a BMW que usa “cavalo precioso” e a IKEA o “apropriado para o lar”.

Nesses casos o ideal é dar significado a marca, mais do que traduzi-la. Apresentar as propostas de experiência de um produto, ou de uma marca, é mais importante do que a tradução ou seu perfeito entendimento nesse ou naquele mercado. Nomes poderosos são feitos para construir, mas podem destruir uma marca. Nomes dizem respeito a uma língua enquanto que significados se relacionam com a cultura.

Moral da história: deixe o trabalho para os profissionais. Contrate quem trabalha com isso e se dedique ao trabalho estratégico. O investimento é seguro e o retorno garantido, até porque um bom nome economiza recursos.


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