Memória e tecnologia: um casamento bem sucedido
Assisti recentemente na Mostra Internacional de Cinema o documentário canadense “Hugh Hefner: Playboy, Activist And Rebel”, da diretora Brigitte Berman, que narra a biografia do polêmico criador da Playboy. O trabalho é um resgate maravilhoso de memória coletiva da sociedade norte-americana na segunda metade do século XX e um grande trabalho de recuperação de acervo. Trabalhar usando a tecnologia como aliada em projetos de memória deveria ser uma meta dos departamentos de comunicação nas empresas brasileiras, pois não podemos esquecer o passado, deixando-o em formatos não acessáveis pelos softwares sociais. Claro que transpor para formatos digitais acervos físicos não é uma tarefa fácil, mas o retorno comunicacional e de marca compensam.
Não temos, por exemplo, acervos públicos organizados e de fácil acesso à população. E quando existem, são projetos isolados e os formatos escolhidos normalmente são de difícil compartilhamento, exigem centenas de cadastros e permissões que acabam dificultando a difusão do acervo. Projetos como o da Biblioteca Nacional de España (BNE) que produziu, a partir de uma versão digitalizada da primeira edição das aventuras do Cavaleiro de la Mancha , exemplares datados de 1605 e 1615, uma plataforma de leitura com gravuras, mapas, música de época, referências a outras obras, informações sobre os costumes e vida cotidiana no século XVII, são raros no Brasil.
Empresas também podem participar na recuperação de acervos em parcerias com produtoras viabilizando, por exemplo, filmes de época. Uma noite em 67, de Renato Terra e Ricardo Calil, que narra a história do Festival de Música Popular Brasileira de 1967 é um ótimo exemplo de projeto de memória que além da digitalização do acervo conseguiu por meio de softwares sociais (YouTube, Facebook, blog etc) expandir o compartilhamento do documentário na rede. O passado merece ganhar uma embalagem 2.0, já que o acesso ao conhecimento deve ser livre e fácil de consultar.
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