Novembro começa. Acabo de chegar de viagem. Voltei decidida a escrever sobre a quantidade de iniciativas interessantes com as quais tive contato.  De pólo a pólo, do Canadá a Ushuaia (o fim do mundo), foram inúmeras as ideias em torno da memória que me cativaram. Mas então recebi um presente pela Internet. Meu primo, Jacob Herzog, fantástico pianista, me enviou o link de uma das coisas mais bonitas que assiti.

Alice, que completará 107 anos em novembro de 2010, é a mais “velha sobrevivente do holocausto”. Vive em Londres em  um pequeno apartamento do sexto andar. É conhecida pelos vizinhos e passantes como “the lady in number 6”. Exímia pianista, foi deportada para Theresienstadt, um campo de concentração, aos 39 anos, com seu filho. Ambos sobreviveram.

“Adoro as pessoas”, diz. Adoro todas as pessoas. Adoro falar com as pessoas. Saber de suas vidas com outras pessoas…. “ E comenta, após tocar Beethoven: “ele é o milagre. Sua música não é apenas melodia. É o que existe dentro. O sentimento. Intenso. Fenomenal!

Alice me fez sentir, mais uma vez, o maravilhamento que me levou a fundar o Museu da Pessoa: ter a noção de que por trás de cada pequena janela de um apartamento qualquer reside a possibilidade de conhecer um novo mundo. Àquele presente na história e na alma de cada um.

Em sua homenagem, aqui vai um vídeo.