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COLUNAS


Leny Kyrillos


Fonoaudióloga pela Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina, Especialista em Voz pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia – CFFa, Mestre e Doutora em Ciências dos Distúrbios da Comunicação pela Universidade Federal de São Paulo. É comentarista da coluna semanal Comunicação e Liderança na rádio CBN. Personal & Professional Coach pela Sociedade Brasileira de Coaching e Professora convidada do Curso de Especialização em Distúrbios da Comunicação Humana da Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina.

É coautora dos livros Voz e Corpo na TV – a fonoaudiologia a serviço da comunicação (editora Globo – 2003) e Comunicar para liderar (editora Contexto - 2015); organizadora dos livros Fonoaudiologia e Telejornalismo (editora Revinter – 2002, 2003 e 2004) e Expressividade (editora Revinter – 2004), além de autora de várias publicações científicas, nacionais e internacionais. 

Ainda participa da consultoria e assessoria de comunicação de diversas empresas, instituições financeiras e políticos e é responsável pelo atendimento a profissionais de rádio e televisão.

Voz saudável, comunicação eficiente

              Publicado em 03/11/2010

A voz é uma das principais projeções da nossa personalidade. Ela nos apresenta, nos representa e nos revela para o mundo, demonstrando o que somos, o que pensamos, e o momento emocional que estamos vivendo. Com tanta responsabilidade e com tanto impacto assim, é importante que conheçamos os recursos necessários para mantê-la sempre saudável.

As condições ideais de produção da voz dependem de bons hábitos, de uma utilização correta, sem esforço e com eficiência, e do controle dos maus hábitos. Vários fatores que interferem na nossa saúde em geral têm impacto na voz. É interessante conhecer, para tirar partido dos positivos e procurar controlar os negativos. São eles:

    - Hidratação: a água é extremamente necessária para a boa produção da voz. Há três maneiras de manter a boa hidratação da laringe: ingerir em média 10 copos de água por dia, especialmente antes e durante a atuação profissional; instilar soro fisiológico, três vezes em cada narina, três vezes ao dia, de preferência morno; inalar o vapor d’água por cerca de 10 minutos, antes de dormir (as duas últimas maneiras evitam o risco de ter que correr para o banheiro...). É muito benéfico também ingerir pequenos goles de água durante a situação de fala profissional. Agora, se você estiver falando e sentir a boca seca sem água por perto, vale dar pequenas mordidas na ponta da língua, para aumentar a salivação.

    - Fumo: o cigarro provoca edema nas pregas vocais e diminuição no movimento dos cílios das células, o que provoca aumento da viscosidade do muco, e necessidade de pigarrear. É questão de avaliar e considerar o prazer e o prejuízo..., mas o efeito é cumulativo e a intensidade varia de pessoa para pessoa.

    - Álcool:
os fermentados praticamente não têm efeito na voz (vinhos, cerveja, champanhe...). O álcool destilado aumenta a rigidez da mucosa com o tempo, e no momento em que é ingerido provoca um período de “pseudo anestesia” da garganta, o que faz com que freqüentemente forçamos para falar, sem perceber. É o caso do uísque, da vodca, do conhaque... que geralmente bebemos em grupo, em ambientes ruidosos, falando mais alto. O álcool “rouba” a água do nosso corpo, portanto beber água junto pode ser um bom antídoto.

   - Alimentação: o efeito dos alimentos na voz dura por cerca de aproximadamente três horas após a ingestão, portanto é interessante evitar ingerir, antes de atuar profissionalmente:

     - leite e derivados, que aumentam a quantidade e a viscosidade do muco no aparelho respiratório;
    alimentos gordurosos ou muito condimentados, que dificultam a digestão e interferem na movimentação do diafragma, músculo que deve apoiar nossa emissão;
     - café, chocolate, chá preto, que desidratam a mucosa das pregas vocais;
     - refrigerantes, cujo gás interfere na digestão e prejudica o apoio diafragmático, além de irritar a mucosa gástrica, principalmente se for com adoçante.

Por outro lado, é interessante realizar refeição leve antes de atuar e dar preferência a:

    - sucos cítricos, que aumentam a salivação e ao promover maior número de deglutições, relaxam a musculatura da garganta. Só tome cuidado se você tiver refluxo gastresofágico!
   -  líquidos quentes, como chás, que melhoram a circulação e dão sensação de maior conforto;
  -  frutas duras, que ao serem mastigadas, preparam os músculos articuladores; a maçã, em especial, contém pectina, substância que higieniza a cavidade oral, dando sensação de frescor e melhor ressonância.

O mel, de preferência associado a limão, promove boa condição de utilização da voz. É necessário tomar cuidado com o própolis, que pode agir como irritante da mucosa da faringe, e com o gengibre, irritante da mucosa gástrica.

Quem atua nas primeiras horas da manhã deve ingerir no desjejum sucos cítricos ou chá de frutas/ervas, e muitos grãos (Granola) que ao serem mastigados “despertam” e preparam a musculatura peri-oral para a fonação.

    - Sono/Repouso:
quando conseguimos boas condições de repouso (que raro!) e número de horas de sono suficientes, nossa voz é produzida da melhor maneira. Quando nos sentimos cansados, a primeira coisa que economizamos é a articulação: passamos a falar movimentando pouco a boca, e isso transmite como nos sentimos; portanto, vale a pena ficar atento e procurar movimentar bem a boca, nesta situação.

    - Medicamentos:
alguns interferem na voz e seu uso deve ser bem avaliado. O ácido acetilsalicílico aumenta a probabilidade de hemorragia na prega vocal. Os remédios para emagrecer geralmente contêm diuréticos, que fazem com que o corpo perca água. Os antialérgicos ressecam a mucosa das pregas vocais. Os calmantes aumentam a imprecisão articulatória. Os anticoncepcionais podem provocar inchaço nas pregas vocais, assim como os corticóides.

    - Temperatura:
as baixas temperaturas, principalmente quando associadas a níveis baixos de umidade do ar, podem provocar inflamação e ressecamento de todo o trato vocal, tornando-o mais sensível, por vezes dolorido. Líquidos quentes e ricos em água, como os chás, funcionam bem. Gelados promovem vaso-constrição, prejudicando a circulação do sangue e da linfa. Quando é inevitável tomar o sorvete, é interessante tomar água na temperatura ambiente logo em seguida, para favorecer a retomada da temperatura normal do corpo, sem grande gasto de energia. O importante é evitar o choque térmico: agasalhar-se quando for entrar no ambiente com ar condicionado, após voltar da rua com muito calor, por exemplo.

    - Ar Condicionado: apesar do grau de sensibilidade ser extremamente individual, o ar condicionado retira a umidade do ambiente, e a nossa própria também. A umidade é essencial para o bom funcionamento das pregas vocais, portanto o “antídoto” é: tome mais água e procure evitar ao máximo, principalmente no carro e diretamente no rosto, se você for mais sensível.

    - Exercício Físico: sentir-se bem fisicamente é essencial para a voz se manter bem. Caminhadas e exercícios de alongamento são indicados para todos. Cuidado com a musculação, especialmente de membros superiores, que pode tensionar a laringe. Nunca converse enquanto faz esses exercícios, e procure sempre soltar o ar pela boca durante, para evitar choque entre as pregas vocais. Se você é alérgico, cuidado com a natação, pois o cloro da piscina pode acentuar o quadro.

    - Vestuário: as roupas não podem, de maneira nenhuma, pressionar a região da garganta e do diafragma (cintura). Prefira tecidos leves e fibras naturais, sapatos confortáveis e solado de couro.

    - Hábitos Inadequados: a mania de pigarrear ou limpar a garganta, principalmente antes de começar a falar, provoca um choque mecânico entre as pregas vocais, quando não há secreção. Ao invés de pigarrear,
é mais interessante engolir a saliva de maneira intensa, ou preferencialmente um gole de água. A tosse improdutiva (seca, sem catarro) também deve ser evitada. Quando possível, é interessante evitar ambientes empoeirados e não falar quando o ambiente está ruidoso. Outro hábito inadequado é o uso de sprays e pastilhas para a garganta, devido ao efeito anestésico, que provoca maior esforço.

     Uso da Voz: o problema mais comum consiste na utilização vocal com esforço, com excesso de tensão muscular e/ou com concentração de toda a energia na garganta. Esta maneira de falar infelizmente é freqüente, muito comum em pessoas que falam profissionalmente; parece ser um ajuste que nos dá a falsa impressão de controle sobre a nossa emissão. Esta maneira inadequada de falar geralmente leva a quadros de disfonias, inicialmente ocasionais, que podem tornar-se crônicas.

Para se evitar o problema, é interessante realizar movimentos de alongamento dos músculos da nuca, região cervical, braços, pescoço e boca. O bocejo é bastante indicado, e espreguiçar-se várias vezes ao dia também auxilia. Deve-se desenvolver como hábito, também, o gargarejo durante o banho, com água morna, que relaxa a musculatura da garganta e melhora as condições de circulação. O grito também é um hábito inadequado e quando necessário deve ser feito com apoio do diafragma.

Como você vê, vários hábitos de vida, vários costumes, podem fazer diferença na nossa comunicação! Leve isso em conta... E utilize da melhor maneira esse poderoso instrumento!


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