A voz da libertação
“Mudança de Hábito – a divina comédia musical da Broodway” está em cartaz no Teatro Renault, em São Paulo, desde março desse ano. Trata-se de um musical baseado no filme produzido e protagonizado pela fantástica Whoopi Goldberg, grande sucesso de público e de crítica em todos os locais onde foi apresentado.
A história é sobre Deloris, aqui interpretada pela excelente Karin Hils, uma aspirante a cantora, namorada de um mau caráter que se propõe ajudá-la a emplacar profissionalmente. Por acaso, Deloris presencia um crime, e como única testemunha passa a ser protegida pela polícia, que resolve escondê-la num local inusitado: um convento de freiras! Logo no início as diferenças entre a vida mundana e espalhafatosa da personagem se contrastam com a vida das religiosas, mostrada na peça como discreta, contida, previsível. A peça traz mensagens bastante claras sobre a importância da convivência e da aceitação das diferenças. Mostra o tanto que podemos aprender com modos de ser diferentes daquele que estamos habituados, e chama a atenção para a necessidade e o exercício da tolerância. Um super espetáculo!
Imagine que, como não poderia deixar de ser, eu assisti totalmente atenta e envolvida pelas vozes das pessoas. Vozes lindas, atraentes, caracterizando os diferentes personagens com maestria. As vozes dos homens, em meio a tantas vozes femininas, também se destacaram positivamente, com estilos marcantes e memoráveis, o que foi um tremendo desafio! Mas houve uma “mudança de hábito”, aqui utilizado como comportamento, que me chamou demais a atenção.
A irmã Maria Roberta, uma noviça bastante jovem e introspectiva, começa a nossa história insegura, assustada, tímida, medrosa. No decorrer da peça, ela sofre uma intensa transformação: descobre a importância do seu papel no mundo, e passa a personificar a alegria de sua libertação! É incrível a mudança na caracterização de sua comunicação. No início, sua postura é contraída, cabisbaixa, encolhida. Praticamente não utiliza gestos, e ao manter-se de cabeça baixa, nem somos capazes de vermos sua expressão facial. Olha o tempo todo para baixo. Sua voz é fraca, contida, abafada. A articulação dos sons é muito imprecisa, praticamente sem movimentação da boca. A típica enrustida! No decorrer, a personagem ganha vida, passa a sentir-se livre, solta, feliz... E a sua comunicação se modifica totalmente! A postura se abre, ela “cresce”, com as costas retas, os braços abertos, a expressão facial rica! Os gestos ficam presentes e amplos, ela passa a falar olhando diretamente para seu interlocutor. A articulação se abre, ganha amplitude e clareza, e a voz se projeta com força, numa emissão típica de quem sabe o que diz e quer dizer ao mundo como se sente! É impressionante... Na peça, a influência da Deloris no grupo é bem evidente, mas também é clara a influência das freiras em seu comportamento: ela ganha mais serenidade, muda seus valores, fica mais centrada, mais equilibrada. Sua comunicação também se modifica para ilustrar isso!
Assim ocorre na vida. Por meio da nossa comunicação, nos revelamos para o mundo, impactamos e construímos percepção. O interessante é que o outro reage imediatamente a essa percepção! Desse modo, é interessante nos questionarmos: Quais são os sinais que eu emito? Tenho obtido as reações que eu preciso, que são boas para mim? Vale sempre o cuidado em buscar a comunicação libertadora do estado de domínio sobre nós mesmos.
Os artigos aqui apresentados n�o necessariamente refletem a opini�o da Aberje
e seu conte�do � de exclusiva responsabilidade do autor. 1592
O primeiro portal da Comunicação Empresarial Brasileira - Desde 1996
Sobre a Aberje |
Cursos |
Eventos |
Comitês |
Prêmio |
Associe-se |
Diretoria |
Fale conosco
Aberje - Associação Brasileira de Comunicação Empresarial ©1967 Todos os direitos reservados.
Rua Amália de Noronha, 151 - 6º andar - São Paulo/SP - (11) 5627-9090