Há 50 anos, Juan Carlos Onetti lançou “A Vida Breve”, obra que tinha como protagonista o publicitário-narrador Juan María Brausen.  Prestes a perder o emprego, o profissional sustentava uma vida vazia, sem rumo. Decide, então, em um impulso-arte, escrever o roteiro de um filme.

Começa, neste momento, uma mistura de personagem-autor ou, se você preferir, autor-personagem. Onetti, o autor, escrevia sempre à mão, valorizando cada palavra e expressão gramatical. Brausen, o protagonista, utilizava-se da mesma palavra, como uma redoma de vidro para fugir da realidade e se proteger automaticamente.

Na comunicação, diariamente, os escritos, mesmo que sem pitadas literárias, nos protegem de situações “vazias”. É como se, de certa forma, também valorizássemos cada ponto e vírgula cuidadosamente estudados em um contexto específico e muito bem explorado.

Onetti, o autor, foi bilheteiro, porteiro e vendedor de máquinas. Em seus escritos, essas experiências particulares aparecem, com muita ou pouca intensidade, configurando-se em uma verdadeira volta ao passado.

No dia a dia profissional, os comunicadores, direta ou indiretamente, também recorrem a estas construções, algumas inacabadas; outras em constante embasamento. É o espírito criativo, sempre pronto para ser utilizado, sempre à espera de uma oportunidade.

Oportunidade encontrada, em muitos casos, em ambientes virtuais, que preenchem “os vazios criativos” e nos tornam mais prontos para aproveitar o que de melhor aprendemos até hoje. Um brinde à vida, a vida breve!