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COLUNAS


Francisco Viana
viana@hermescomunicacao.com.br

Jornalista, Doutor em Filosofia Política (PUC-SP) e consultor de empresas.

 

Contradição e voto

              Publicado em 19/08/2010

Um conceito que determina a distância entre o êxito e o fracasso da comunicação.

No momento em que o debate eleitoral vai ao ar e passa a integrar o temário cotidiano de todos nós, eis uma palavra chave na arte de comunicar. Contradição significa a ausência do princípio da unidade entre a palavra e a ação. É como se uma, a palavra, não pudesse reconhecer a outra, a ação, como se pertencessem a gêneros distintos.  Em outras palavras, contradição é a relação entre a afirmação e a negação de um mesmo elemento. Mais do que um estranhamento, uma incompatibilidade.

Sob a perspectiva política, a contradição foi o estopim do esgotamento da aliança entre a burguesia e o operariado na Revolução Francesa. Juntos, derrubaram o poder da aristocracia e aboliram o sistema de produção feudal. O processo histórico, contudo, revelou que os ideais de igualdade, fraternidade e liberdade eram incompatíveis com as relações de produção, a economia política e o sistema de representação da emergente sociedade burguesa.

Como consequência, a partir de 1830, com a insurgência do operariado francês que viria a influenciar toda a Europa, duas noções de revolução passam a ser confrontadas. Uma noção ligada à política, isto é, à ideia de república e democracia, outra noção, ligada ao comunismo e ao socialismo, apoiada no mundo do trabalho e aos conflitos com o mundo do capital.

Superar ou atenuar contradições é um sonho antigo da humanidade. Com as boas leis e os bons governos, Platão, na República, estabeleceu o princípio e fim da construção social, tratando a coisa pública e a educação dos homens para a verdade e o bem (entenda-se a não ilusão) como divinas. Marx, com o conceito de revolução total, procurava acelerar o processo por meio da ruptura com a sociedade vigente.

Na comunicação, a contradição é que determina a maior ou menor distância do êxito. Nenhuma organização se sustenta sem cultivar esse bem supremo que é o princípio da não contradição ou o culto à coerência. Jornalistas trabalham com a contradição dos discursos, o público forma opinião ou saber a partir das contradições que constata no dia a dia, as leis surgem para coibir as contradições, pelo menos em teoria.  O exercício da ética é, na essência, a materialização da não contradição, seja quanto as responsabilidades morais, seja quanto as responsabilidades legais.

A comunicação se oferece, portanto, como a guardiã da coerência entre palavras e ação. O seu propósito maior é arrefecer e superar as contradições. Essa a sua utilidade e o seu desafio, o seu real valor, a sua efetiva contribuição para a construção social. No momento do voto, nada mais útil do recorrer ao princípio da contradição como recurso objetivo de avaliação dos candidatos.


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