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Pollyana Ferrari


Pollyana Ferrari é escritora e pesquisadora em Comunicação Digital. Professora de hipermídia e narrativas transmídias nos cursos Comunicação e Multimeios, Jornalismo e na Pós-Graduação Strictu Sensu de Tecnologias da Inteligência e Design Digital (TIDD), todos ligados à Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Autora dos livros “Jornalismo Digital”, ”Hipertexto, Hipermídia”, “A força da mídia social” e “No tempo das telas”. E instrutora da Aberje desde 2001. 

Consumo de notícias personalizado? Minha relação com a mídia massiva mudou e eu não tinha me dado conta

              Publicado em 24/01/2013
Gustavo Wrobel, jornalista argentino e diretor de comunicações da Motorola Solutions para a América Latina, em artigo publicado em 17/1/2013 no Aberje.com, sob o título “Tendências que impactarão a gestão profissional da comunicação e as relações públicas em 2013”, comenta que “estamos migrando de meios ‘massivos’ para a personalização do consumo de notícias”. Isto porque, aproveitando as vantagens tecnológicas, o consumidor de informações, aquele leitor que aprecia a informação mais particular está aperfeiçoando o ato de selecionar somente o que quer ler, quando quer fazê-lo e onde, sendo que na grande maioria das vezes sua seleção fica no universo virtual e móvel. 
 
E o alerta de Wrobel está correto. Eu mesma acesso este ou aquele portal, site, blog para ler sobre economia, para estar em dia com o que acontece no Rio e no país e na Inglaterra onde mora minha filha. Este é o meu universo prioritário de busca.  Se tiver mais tempo vou atrás de negócios, marketing, relações públicas. Enfim, vou afunilando naquilo que me interessa mais. O conteúdo que eu costumava ler na mídia jornal que assino, agora leio no caminho do trabalho, no consultório médico, na sala de espera do cliente, tudo do meu smartphone. E se algum amigo do Facebook informa a “última”, acesso imediatamente o texto inteiro, se for de meu interesse. 
 
Minha relação com a mídia massiva mudou. Não trocava por nada meu café da manhã regado a dois ou três jornais e a um telejornal. Agora me pego, muitas vezes, com um cafezinho numa mão e o celular na outra acessando notícias e com o pé quase na rua. Tudo na bandeja. Nada de mesa posta.  Este meu novo comportamento não é de agora e o artigo de Wrobel demonstra que eu não sou a única desleal com meus hábitos de leitura. Mas aos domingos... Desleal nunca com meu domingo de “dolce far niente”. Só de pensar que amanhã é domingo e que após preparar meu café-da-manhã, vou sentar-me a mesa e abrir meu jornal preferido e espalhar minhas revistas semanais. Gostoso demais. E curtir as colunas, os artigos, as reportagens e até os anúncios. Porque anúncio bem feito, criativo, faz parte do crescimento da gente e gosto de apreciar e muitas vezes até de comparar com o concorrente do produto anunciado! Muitas vezes ainda corto e guardo. Faço o clipping!
 
Ultimamente tenho lido e ouvido que o meio jornal está definhando e que vamos ficar somente com a eletrônica – TV, rádio, internet – porque ela é móvel e pode nos acompanhar em todos os lugares e ocasiões. Segundo o IVC - Instituto Verificador de Circulação, o pequeno crescimento de 1,8% em circulação registrado pelo meio, em 2012,  é totalmente proveniente das edições digitais dos títulos, que salvaram o meio jornal de um ano pior. Então esta possibilidade existe não em função da vida mais agitada, da Internet, mas da quantidade e fluxo de informação que nos torna mais seletivos. Mas não vivemos sem ela, mesmo nos locomovendo. Antes eu lia a mesma notícia em mais de um jornal, até para ver como era interpretada por esta ou aquela editoria.   
 
Hoje, faço parte daquele contingente de consumidores de mídia que cada vez mais personaliza sua leitura de notícias. Preciso me aplicar e me aperfeiçoar mais nesta mídia personalizada que obtemos com um estalar de dedos, sem esforço e quase sem custo. Dai que como relações-públicas tenho que prestar muita atenção neste novo comportamento e buscar analisá-lo melhor para atraí-lo, conquistá-lo e colocá-lo na roda. Por que isto pode até mudar logo ali na frente. Nem chegar a se tornar um novo hábito. Mas a relação não tem volta. Não será a mesma!
 

Os artigos aqui apresentados n�o necessariamente refletem a opini�o da Aberje e seu conte�do � de exclusiva responsabilidade do autor. 4016

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