Imagens fractalizadas
Qual a melhor produção imagética dessa primeira década do século XXI? Conseguimos responder rapidamente a essa pergunta ou começaremos a listar tags de várias imagens marcantes? A Tapeçaria de Bayeux, por exemplo, é considerada a melhor produção imagética do século XI. Por volta de 1070, Odo, bispo de Bayeux (c. 1030-1097) e meio-irmão do duque da Normandia, Guilherme, o Conquistador (c. 1028-1087), encomendou a feitura de um bordado em linho para comemorar a vitória e a conquista normanda da Inglaterra em 1066. Como o bordado conta a história da conquista normanda na perspectiva dos vencedores, é natural que inicie sua narrativa com a viagem e a prisão de Haroldo pelo conde Guy de Ponthieu.
Em outro trecho do bordado narra-se uma cena cotidiana nos impérios da Idade Média, o juramento de Haroldo. Após fazer o juramento de fidelidade a Guilherme, Haroldo retorna para a Inglaterra e, logo a seguir, o rei Eduardo falece. Haroldo é coroado e a passagem do cometa de Halley assusta a todos: é um mau presságio para a nova monarquia.
Enquanto você (leitor) mergulha no seu devaneio cognitivo em busca da imagem que representa essa primeira década remixada, compartilho uma frase de Morin: “Complexo é aquilo que se tece junto, um construir de realidades em fluxos, no sentido de derives em vez de realidades acabadas, newtonianas”. Não esqueça também de olhar as narrativas presentes no Twitter da sua marca, no Flickr ou nos posts do blog do presidente. Ou seja, a imagem fractalizada do século atual está sendo construída em tempo real na web, pois as mídias sociais são formas de organização humana e de articulação entre grupos. Aposto nas linguagens que possibilitam associações e acredito que elas acabarão por destronar as formas atuais como ocorreu com os romances que substituíram as epopéias.
Não sabemos mais, por exemplo, qual o caminho percorrido por uma narrativa, se estamos falando de emissor primário, secundário ou ainda se a narrativa interativa está sendo construída em tempo real pelo receptor. Ocorre a projeção de vivências do receptor sobre a obra e o narrador, conduzindo o primeiro sujeito a participar da concepção do significado em razão da sua capacidade e desenvoltura em lidar com as novas linguagens. Exercite seu cérebro escolhendo a imagem mais representativa da primeira década do século atual. Vou adorar ouvir seu comentário.
* Essas divagações sobre as narrativas digitais fazem parte do meu novo livro “A força da mídia social”, que sairá em junho pela Simplíssimo Livros (@SimplissimoLivr). Conheça aqui um pouco mais sobre essa editora italiana que desembarcou no Brasil.
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