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COLUNAS


Karen Worcman


Graduada em História pela Universidade Federal Fluminense/RJ, com mestrado em Linguística pela Universidade Federal do Rio de Janeiro/RJ. Fundadora do Museu da Pessoa, um museu virtual de histórias de vida, fundado em 1991. É fellow da Ashoka Empreendedores Sociais desde 1999, instituição que identifica e apoia globalmente projetos de ação inovadora e de amplo impacto social em todo o mundo, como o Museu da Pessoa. Desde 2004, Karen também é membro do Global Fellowship Team da Ashoka, com foco em estratégias de ampliação do impacto social da organização por meio do fortalecimento da rede de fellows. É também parte do board do Program Committee for Museums and the Web, do board do Portal Ourmedia.org e dos Conselhos das Organizações Observatório da Imprensa e do Instituto Avisa Lá.

Esquecer para lembrar

              Publicado em 25/03/2010

Acho que todo mundo imagina que está sozinho para falar sobre as coisas que lhe interessam, quando não, pois encontramos uma instituição como vocês e encontramos pessoas, que são minoria, mas pessoas interessantes, que gostam de ouvir as histórias que temos para contar.

Resposta a uma enquete feita com os entrevistados do Museu da Pessoa em 2009


Desde outubro de 2009, realizamos várias entrevistas com os stakeholders do Museu da Pessoa para que pudéssemos melhor entender o impacto e o significado de nosso trabalho. Quem trabalha com registro e disseminação de memória, atualmente – seja na universidade, seja em museus e mesmo no mundo empresarial –, enfrenta uma série de novas questões.

A preservação da memória representou, durante grande parte da história do mundo ocidental, um esforço coletivo. Dos escribas aos copistas, dos pintores aos primeiros fotógrafos, o esforço social de perenização de algumas memórias foi sempre evidente. Os museus demonstram como as sociedades, sobretudo as ocidentais, organizaram-se para transformar o que entendem como valioso em monumentos de memória coletiva.

A tecnologia trouxe, além de grandes oportunidades para os museus – e não só para os museus – também novos desafios. O registro da memória deixou de ser um esforço. Qualquer jovem registra, com seu celular, de maneira quase frenética, o show a que foi.  A preservação deixou de ser um esforço. No entanto, como destacar as memórias significativas que deveriam se tornar patrimônio de um museu de um mar indiferenciado de conteúdos? Como garantir que aquele pequeno ato seletivo que exercitamos todos os dias com nossas memórias pessoais seja exercido, também, para a construção e a valorização de um acervo que se torne valioso para a sociedade?

Essas questões transcendem o mundo dos museus. Também nas empresas lida-se com a facilidade atual dos registros em contraposição à gestão do conhecimento. Certamente, a memória, nesse caso, é ferramenta inicial para que não se perca o patrimônio intangível que se acumula ao longo da trajetória de uma empresa. No entanto, assim como nos museus, o excesso de registros não necessariamente contribui para a construção de conhecimento.

É um desafio preconizado pelo escritor argentino Jorge Luis Borges quando criou o personagem Funes, el memorioso, que tinha a capacidade de lembrar-se de tudo, absolutamente tudo, que tinha lhe acontecido. Embora poderosa, esta capacidade tornou Funes incapaz de viver em seu momento presente. No caso da sociedade atual, a capacidade de registrar todo e qualquer evento certamente vai transformar nosso jeito de lidar com o passado e o presente. O grande desafio dos museus, das empresas e dos indivíduos é reaprender a “esquecer” para que possamos efetivamente “lembrar” daquilo que realmente possui significado.
 


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