RP no Novo Século: Construindo Marcas
Tenho o terrível hábito de ir quase todos os fins de semana à Livraria Cultura, dar uma “olhadinha nas últimas novidades”. A “olhadinha” quase sempre resulta num aumento considerável da dívida com o cartão de crédito e, pior, com a consciência de não conseguir dar conta da leitura que se acumula nas prateleiras de casa.
Decidi, então, levar alguns títulos para o escritório – os de jornalismo, comunicação corporativa, relações públicas, mix de marketing, media training etc. –, como forma de exercitar a consulta às reflexões de mestres e colegas quando necessário.
Foi aí que sem querer voltei ao ensaio “Revisitando RP no Novo Século: Esse Negócio Tem futuro?”, que abre a edição revista e atualizada em 2003 de “Media Training: Melhorando as Relações da Empresa com os Jornalistas”, de Nemércio Nogueira (120 páginas, Editora de Cultura). Transcendendo a própria temática do livro, Nogueira mostra o real valor da disciplina das Relações Públicas, colocando-a na ordem do dia e enumerando os motivos pelos quais – SIM – esse negócio tem futuro. Sete anos depois, vale a pena revisitar os três pontos que sustentam sua convicção:
1. “Sabe-se que, no mundo inteiro, está aumentando o investimento relativo em non-advertising, ou seja, atividades como promoções, marketing direto e RP. Extremista sobre o tema, o norte-americano Al Ries (autor de The Fall of Advertising & The Rise of PR) chega a afirmar que as estratégias que criam marcas são as de relações públicas, enquanto a propaganda apenas as reforça. O que você diz sobre você mesmo (leia-se publicidade) não tem credibilidade. É apenas o que os outros dizem a seu respeito (relações públicas) que possui credibilidade. As duas funções podem e devem caminhar juntas. Primeiro, a credibilidade da marca é exercida pelas relações públicas e, depois, reforçada pela propaganda”.
2. “O Brasil vem fazendo um grande esforço para passar a ser visto com olhos mais simpáticos pelos grandes investidores – estrangeiros e nacionais -, além de começar a caminhar em direção a uma posição de liderança explícita na América Latina.” (Deve-se acrescentar à afirmação de Nogueira as atuais conquistas no campo dos esportes e marketing esportivo – o Brasil como sede da Copa do Mundo e dos Jogos Olímipicos - e também a expressiva presença internacional reforçada nos últimos anos).
3. Vivemos enfim em um Estado Democrático. “Nas ditaduras – de direita ou de esquerda, -, jornalistas até têm empregos, publicitários fazem seus anúncios, advogados têm condição de atuar, embora em todos os casos haja limitações. Porém, não há campo para o trabalho de relações públicas em ambientes de governo centralizado, pois neles o que predomina são as relações pessoais. Não interessa a opinião pública, não há grupos de pressão, impera a mordaça geral. Em nenhum outro momento histórico vivemos tamanha liberdade de expressão. Qualquer um de nós pode dizer, escrever ou publicar o que bem entender” – sobretudo agora, na era das mídias sociais.
Bem, como não se vive apenas de boas notícias, como contraponto a esse otimismo, há de se pesar a diminuição da quantidade de veículos e de espaço impressos, assim como o intenso bombardeamento de informações sobre consumidores e cidadãos via rádio, TV, internet, celular, mídias alternativas e muito mais. A corrida pela conquista da mente e do coração da opinião pública ficou mais acirrada, assim como os meios possíveis para isso – hoje com um laptop e uma linha de internet você é capaz de disseminar uma informação pelo mundo todo em poucos segundos.
Que saída para os profissionais de Relações Públicas? É em Jeffrey Sharlach, professor associado da New York University, fundador e Chairman da The Jeffrey Group, com quem tive o prazer de trabalhar nos anos 2000, que Nogueira encontra uma resposta possível. Para Sharlach, os profissionais de RP e Comunicação Corporativa devem deixar de ser meros fornecedores de distribuição de press releases e de eventos para a mídia. Devem ser, acima de tudo, conselheiros de estratégias que ajudem os clientes a criar e sustentar o “buzz” em torno de suas marcas e produtos, a construir sua credibilidade e a relacionar-se com seus públicos-alvos. Seus conselhos devem ter um alto valor.
Levando adiante o raciocínio, enfatiza Nogueira, um dos maiores valores agregados que os profissionais de RP podem dar às marcas são estratégias que atribuam conteúdos e uma “alma” a seus esforços institucionais e de marketing. “O valor dessa contribuição é ainda maior nos dias de hoje, quando o consumidor se vê menos como objeto e mais como sujeito decisivo da comunicação e, antes e acima de tudo, como um cidadão de direitos – que também consome”, escreve Nogueira.
Isso tudo reforça em mim a crença de que o caminho para os profissionais de comunicação é o esforço para compreender a fundo e atuar no olho do furacão que é a convergência das disciplinas. Jornalistas, publicitários, marqueteiros, consultores de comunicação não cabem mais cada um dentro de sua caixa. E sair da caixa é ampliar horizontes, interessar-se pelo mundo, à moda dos jornalistas em geral, mas também entender sobre a estratégia de marketing, à moda dos publicitários e marqueteiros. Reforça também a idéia de que para acompanhar isso tudo tenho mais é que continuar com minhas voltinhas pela Cultura.
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