Domingo Alzugaray é daquelas personalidades que jamais podemos esquecer. Ele é um daqueles raros talentos editoriais da mesma estirpe de Henry Luce, fundador da Time-Life americana: onde ele está sempre se fazem presentes a visão jornalística e editorial, o empreendedor e o ser plural, capaz de superar o natural egoísmo democrático para compreender e levar à prática o que os outros pensam. Foi ele quem deu liberdade e vida a profissionais que nos anos do regime militar puderam escrever o que pensavam na antiga Revista Senhor e, posteriormente, na Revista IstoÉ.
Há duas semanas, no Congresso Mega Brasil de Comunicação 2013, ele e o seu filho, Caco Alzugaray, foram homenageados como personalidades da Comunicação do Ano. Nada mais justo. Vamos falar primeiro de Domingo. Como editor, foi singular. Sabia ver além da curva. E, por isso, criou , entre outras revistas, a Istoé, a IstoÉ Dinheiro e a IstoÉ Gente. Tudo começou com a Revista Senhor que fez história nos anos da abertura política e, mais tarde, ao se transformar em IstoÉ, acabou contribuindo decisivamente para o impeachment do presidente Collor de Mello. Na Senhor, eram os empresários que erguiam a voz em defesa da democracia. Na IstoÉ, foi a sociedade por inteiro. Em ambos os momentos, se destacou a figura de Domingo, com sua liderança suave, mas firme. E sempre sensível à imperativa de liberdade para seus editores e repórteres.
Posteriormente, vieram novas publicações. A IstoÉ Dinheiro tornou-se influente no mundo dos negócios. Uma referência. A IstoÉ Gente ganhou prestígio no mundo artístico, no universo da cultura. A Editora Três cresceu. Criou empregos. Inovou no jornalismo de autor. Por trás de tudo, sempre a personalidade de Domingo que, como um grande maestro, soube articular liberdade editorial, gestão de negócios e criatividade. Eis uma tríade de palavras chaves que ele transmitiu para o seu sucessor Caco Alzugaray que, hoje, responde pelas publicações da Editora Três.
Domingo foi homenageado no Congresso Mega Brasil de Comunicação. Estavam presente Mino Carta, que foi diretor da Senhor e IstoÉ por longos anos, e Paulo Nassar, diretor presidente da Aberje, ambos anteriormente homenageados como Comunicadores do Ano. Também presente, Lázaro de Mello Brandão, presidente do Conselho de Administração do Bradesco. Coube ao organizador do Congresso, Eduardo Ribeiro, fazer a saudação, ouvida por grade número de comunicadores e jornalistas. Ao final, Caco Alzugaray falou em nome da família de editores e emocionou a todos ao resumir seus sentimentos numa frase: “Obrigado, pai”. Domingo é um desses profissionais da comunicação que o Brasil sempre precisou e precisará. Pelo brilhantismo, pela dedicação e pela coragem. É, acima de tudo, um democrata pleno. Ele nos propõe o diálogo, o método conciliador, nunca uma ideologia.