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Mônica Alvarenga
monica@monicaalvarenga.com

Coach e consultora em Comunicação e Relacionamentos Organizacionais, graduou-se em Comunicação Social pela UFRJ, Letras (FEUC), especializando-se em Marketing (FGV), Comunicação Corporativa (Syracuse University, NY) e Mídias na Educação (UFRRJ). É diretora da Múltipla Comunicação. Escreve para portais e blogs sobre relacionamento e comunicação. 

www.monicaalvarenga.com

Cibernética, Avatar e Comunicação

              Publicado em 23/02/2010

A nossa mente é capaz de associações que não podemos controlar. Lugar comum? Pode ser, mas foi assim que juntei Norbert Wiener e o filme Avatar. Lendo sobre o incrível trabalho que resultou na cibernética, a partir de estudos comparativos entre as teorias de controle existentes nos organismos vivos de toda a sorte e nas máquinas, pensei em todo o movimento da vida mostrado em Avatar. Viajei aos tempos remotos em que povos primitivos, nossos ancestrais, ocupavam a terra, desconhecendo a teoria de auto-regulação que regia e equilibrava sua vida e os elementos a seu redor, mas respeitando-a, com base em um conhecimento tácito obtido através das leis da Natureza.

A lei da realimentação ou feedback ainda não havia sido documentada, quando certas tribos, compreendendo o complexo sistema biológico feminino, reservavam às mulheres um tempo de retiro no período menstrual. Mesmo sem conhecerem os hormônios, percebiam todas as alterações que eles provocavam, então as mulheres recolhiam-se em um espaço chamado Tenda da Lua para, em comunhão com a natureza, comungarem também entre si. Conversando sobre sentimentos e experiências, sob a influência da lua que rege o nível das águas em mares, rios e, também, em seres humanos, as mulheres amenizavam todos os efeitos negativos de seus ciclos o que era revertido em paz e harmonia para a tribo. Desconfio que nem havia TPM.

Há ou não aí um laço de realimentação como aquele que Wiener citava? Um laço de alimentação é um arranjo circular de elementos ligados por vínculos causais, no qual uma causa inicial se propaga ao redor das articulações do laço, de modo que cada elemento tenha um efeito sobre o seguinte, até que o último realimenta o efeito sobre o primeiro elemento do ciclo¹. Portanto, o amadurecimento da mulher, com o primeiro ciclo menstrual e o desenvolvimento de sua capacidade reprodutiva, poderia ser a causa inicial, com o surgimento de vários elementos, todos capazes de afetar um ao outro. O ciclo menstrual, a reprodução, a escolha do parceiro, as alterações de humores, as atividades domésticas fundamentais à manutenção da tribo, a chegada das crianças, a proximidade e a troca de experiências com as outras mulheres: todos esses elementos interligados e capazes de se afetarem mutuamente até a chegada do próximo ciclo. Trata-se ou não de um sistema auto-regulador?

E o que Avatar tem a ver com isso? Mais do que a propalada mensagem anti-imperialista, o filme mostra essa relação de causa-efeito entre tudo o que há sobre o Universo, numa rede de relações onde não se consegue mais identificar com precisão, como nos sistemas de Wiener, o primeiro (entrada) e o último (saída) elementos. Todos estão conectados entre si, como percebeu Wiener. A derrubada de uma árvore, no filme, é capaz de provocar dor nos nativos, que se comunicam  continuamente, atentos aos sinais emitidos de toda forma por todos os seres.

Com isso tudo em mente, volto ao que me cerca. Vejo pessoas (físicas e jurídicas) pensando-se desconectadas. Há até quem acredite que não pode ser afetado por todos os elementos desse complexo sistema que é a vida. Não, de fato não sentimos dor física imediata quando uma árvore é derrubada, mas a natureza tem demonstrado o impacto do desmatamento e devolvido à humanidade efeitos dolorosos, sim. No entanto, se eu acredito que o meu momento restringe-se a mim mesmo e ao meu tempo de existência, não há porque pensar na dor que há de vir para gerações vindouras. Eu não estarei mais aqui! Será?

Nesse contexto, não há como ignorar a deterioração das relações dentro e fora das empresas. Mas ainda há tempo de recuperar esse elo perdido. E, nesse esforço, não se pode prescindir da comunicação. É urgente – não só para o bem das empresas, mas da humanidade – que vejamos a Terra como a metafórica Pandora: um sistema onde tudo e todos estão interligados. Vale lembrar, também, de nossos ancestrais e retomar as rodas de conversa, onde as trocas sejam verdadeiras e o ouvir, possível. As possibilidades a emergirem dessa prática tão simples são inúmeras e, felizmente, carregadas de grande potencial curativo para as pessoas e as corporações.

E, se cremos, de fato, que tudo está conectado, então, todo o processo afetará de forma positiva a cadeia produtiva do negócio, chegando, finalmente aos resultados tangíveis e desejados: aumento de rentabilidade.

¹CAPRA, Fritjof. A Teia da Vida. uma nova compreensão científica dos sistemas vivos. São Paulo: Editora Cultrix, 1997.


Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor. 2619

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