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COLUNAS


Denise Monteiro
denisemonteiro4@hotmail.com

Gestora de negócios na área de Comunicação Empresarial, ministra palestras, cursos e treinamentos na área de comunicação. Atuou em organizações como Grupo Ogilvy, Rede Globo de Televisão, Unilever e Tetra Pak. Foi diretora da D+D Eventos. Foi coordenadora de pós graduação na FAAP; e professora na graduação, pós-graduação e MBA na FAAP e Anhembi Morumbi.
Graduada em Comunicação Social com habilitação em Relações Públicas. Pós-graduada em: Comunicação Empresarial e Gestão de Serviços pela ESPM e no Máster em Tecnologia Educacional pela FAAP. Mestre em Comunicação e Práticas de Consumo pela ESPM – Escola Superior de Propaganda e Marketing.

Sons de Verão II

              Publicado em 18/02/2010

Após enviar e publicar o artigo anterior (Sons de Verão), continuei na praia até o final do mês e observei vários sons que ficaram de fora. Além disso, alguns leitores conhecidos se identificaram e conversaram comigo sobre o assunto, o que me levou a escrever esta continuidade.

Os 5 sentidos compõem a forma com que percebemos o mundo. Cada som de praia tem seu significado, seja ele positivo, negativo, agradável ou não.

Do último artigo para cá, apareceram os carrinhos de sorvetes da Garoto, mas são raros. A divulgação não é proporcional ao PDV.

Os catadores de lata ressurgiram proporcionalmente ao consumo do conteúdo.

Na praia, não há quem não olhe quando ouve o som do apito de um salva vidas. Ainda bem, pois não ouvir este sinal pode ser fatal. Eles estão trabalhando bem este ano. Pela eficiência das cenas que presenciei, achei que estavam trabalhando com ótima estrutura, mas assisti a uma matéria denúncia sobre as condições em que trabalham. Muitos até usam o próprio celular para pedir ajuda quando necessário. Uma pena...

Presenciei também um “arrastão religioso”. Quando olhei para a ponta da praia, o líder com um MEGAFONE os colocou em formação de “paredão” e deu a largada para a pregação nos guarda sóis. Uns cantavam, outros tocavam e tentei ir para dentro de meu livro, mas eles são insistentes. Dois deles, com uma tentativa aquém de maquiagem no estilo de Cirque du Soleil, pararam ao meu lado com uma plaqueta pedindo sorriso... Não consegui! Encarar uma ação promocional religiosa na praia foi demais. Apenas fiz sinal para que saíssem. Vale dizer que não era nenhuma campanha beneficente, era pregação pura. Aliás, uma amiga contou que outros religiosos, na saída do Sambódromo de SP distribuíram águas promocionais. Ou seja, os religiosos agindo na festa pagã. Fato é que a concorrência religiosa está forte. Os fiéis estão sendo disputados “no braço”.

No final de janeiro terminaram minhas férias, mas trabalhei pouco. Retornei à praia na semana do carnaval. O Guarujá lotou mais que no reveillon. Descobri que o Sandro, do carrinho de coco e milho, de frente de casa, teve dengue e ainda está bem debilitado. Mas deixar de trabalhar no período de carnaval é perder um lucro significativo. Como não tivemos mais os temporais de final de tarde, a duração da praia ficou mais longa. Logo, os ambulantes vendem mais. O Sandro trabalha durante o dia e se interna no hospital à noite. E ainda ajudou seu concorrente e colega em um incêndio.

No domingo de carnaval, ao chegar na praia por volta das 10h, cumprimentava os conhecidos quando ouvi um chiado forte de algum tipo de vazamento, quando olhei, vi as pessoas correndo e um carrinho de coco e milho pegando fogo. O chiado era vazamento de gás e o receio da praia lotada era de uma explosão. Um desprezível turista gritou “pegue a máquina” (fotográfica). Impulsivamente respondi: - “Máquina? Você deveria era procurar um extintor!” Por sorte, pessoas mais esclarecidas e com rápida iniciativa, correram nos edifícios e trouxeram extintores, inclusive o Sandro, que é concorrente da vítima que perdeu seu carrinho. Os salva vidas, que são bombeiros, mas estavam sem os equipamentos para incêndio, rapidamente se organizaram com os extintores, apagaram o fogo, retiraram o bujão de gás e o esvaziaram. Até o resgate veio rápido, mas eles também só tinham o extintor pequeno de carro. Vale dizer que um edifício negou o empréstimo de extintor... Bem, a praia estava salva daquele problema. Uma campanha para ajudar na restauração ou aquisição de um novo carrinho logo começou. Mas as pessoas começaram a se questionar sobre qual o tipo de fiscalização que estes carrinhos são submetidos. E as conversas se desdobraram. Afinal, se a prefeitura fornece a licença, deveria fiscalizar as condições dos equipamentos. Pois apenas na praia em que fico, descobri que em um período de 6 meses, este foi o segundo carrinho a incendiar.

O IPTU do Guarujá é bem alto, a prefeitura fatura muito, principalmente em virtude dos apartamentos de temporada. A população local deveria ter uma ótima qualidade de vida. É no mínimo um desrespeito a epidemia de dengue e tantas outras coisas. Justamente por isso, alguns prefeitos vão para cadeia, mas se o sistema não mudar, outros candidatos poderão se candidatar ao dinheiro fácil.

A prefeitura do Guarujá ofereceu à sua população um trio elétrico, que na verdade é um caminhão de som, vagabundo, com um DJ fraco que corta as músicas no meio e um locutor lamentável. Além de falar sem parar, não sabe o que diz. Microfone aberto na mão é um problema, pois se associa um poder ilusório, mas não se deve esquecer que a população não é burra. Atrás deste “trio” seguiu um tradicional bloco de carnaval local, que possui um nome bem sugestivo: “Pé na Bunda”. A letra do samba era uma forte crítica ao mandato da atual prefeita. Associavam as promessas com a realidade. A renda das camisetas do bloco foi destinada a uma creche. Bem interessante...

Por isso que gosto de ouvir, refletir e interpretar os sons. Eles dizem muito. Adoraria que todos os setores se alinhassem nas interpretações.


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