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COLUNAS


Denise Monteiro
denisemonteiro4@hotmail.com

Gestora de negócios na área de Comunicação Empresarial, ministra palestras, cursos e treinamentos na área de comunicação. Atuou em organizações como Grupo Ogilvy, Rede Globo de Televisão, Unilever e Tetra Pak. Foi diretora da D+D Eventos. Foi coordenadora de pós graduação na FAAP; e professora na graduação, pós-graduação e MBA na FAAP e Anhembi Morumbi.
Graduada em Comunicação Social com habilitação em Relações Públicas. Pós-graduada em: Comunicação Empresarial e Gestão de Serviços pela ESPM e no Máster em Tecnologia Educacional pela FAAP. Mestre em Comunicação e Práticas de Consumo pela ESPM – Escola Superior de Propaganda e Marketing.

Comunique-se quem puder!

              Publicado em 16/12/2009

Fiz tantas bancas este final de semestre, que alguns casos gritaram em meu cérebro, com o caos de comunicação interna em determinadas organizações. Uma dupla de alunas mapeou e pesquisou a comunicação interna de um conhecido e grande hospital de São Paulo. O diagnóstico é que lá esta função depende de cada funcionário. Quem quiser que se comunique, transmitindo ou buscando a informação da forma que achar que deve. Estas estudantes passaram por um desgastante processo burocrático para realização da pesquisa. Assinaram inúmeros, longos e prolixos documentos. Precisaram de novas aprovações do que já havia sido aprovado, pois sempre existia uma nova importante pessoa no processo, que havia sido esquecida. Quase perderam o prazo de entrega na faculdade. Na parte prática não houve problema. Ninguém as obstruiu, circularam livremente pelo hospital sem nenhuma recomendação de cautela. Entraram e saíram da UTI várias vezes em diferentes horários, sem sequer ter ideia da higienização adequada para o ambiente. Evitarei aqui os relatos chocantes das alunas com o que viram. Mas o fato é que um hospital referência é terra de ninguém. Se isso é grave em qualquer empresa, imaginem em um hospital onde informação é fundamental? Não quero ir parar lá de jeito nenhum... Acho até que escreverei isso em meus documentos caso algo me aconteça.

Vale dizer que segundo a matéria de Flavia Mantovani da Folha de S. Paulo de 11/12/2009, 60% dos pacientes têm infecções em UTIs da América Latina. Este número é similar no Brasil, pois a maior parte de instituições pesquisadas estão aqui.

Em uma outra empresa B2B, quem cuida de comunicação interna e recursos humanos é o gerente financeiro que é subordinado ao diretor comercial. Imaginem o quão humanizada é esta relação que tem o foco em números? Imagino que lá o funcionário 27 possa ter problemas na norma 32, que implicará na queda de 10% da meta projetada de R$ 248.000,00 do primeiro quadrimestre que afetará o resultado anual em 3% considerando um ano de economia estável.

Outro TCC – Trabalho de Conclusão de Curso, relata uma indústria multinacional de autopeças onde a responsável pela comunicação interna é uma psicóloga. Nada pessoal, pois bem sabemos que pessoas de diferentes formações podem se tornar excelentes profissionais de comunicação, mas este não é o caso. Nesta empresa, pelo menos deve haver mais humanização. Talvez tenha até com terapia em grupo, mas comunicação...

Ainda em outra indústria de autopeças, outras alunas que orientei (ganhadoras do último prêmio da ABRP- Associação Brasileira de Relações Públicas na categoria projeto), devido a fusões e aquisições, boa parte dos funcionários simplesmente não sabem em qual empresa trabalham. Inclusive usam uniformes errados, de uma empresa que não existe mais. Colaborador mal informado, no mínimo propaga a informação errada.

O que seria do mundo se os profissionais de comunicação assumissem postos de psicólogos, de gerentes financeiros e até mesmo de médicos e enfermeiras. Quanto não se gastaria para reinventar a roda ou as rodas? Nas seções de análise iríamos tirar um briefing para diagnóstico, planejamento e ações. Em uma gerência financeira faríamos da HP12C um objeto de arte, usaríamos a básica mesmo, que vendem nos semáforos ou reaproveitaríamos as planilhas em excel com as fórmulas prontas. Já na área da saúde a situação é mais difícil, mas acho que iniciaríamos com uma auditoria de opinião para identificar a imagem real e indicaríamos a terapia porque provavelmente o problema será emocional, mas se esta for muito cara, aconselharíamos consultar um gerente financeiro.

Fato é que: não é porque damos conselhos uns aos outros que somos psicólogos; Não é porque sabemos fazer contas que somos gerentes financeiros; Não é porque conhecemos algumas formas para melhorar nossa saúde que somos médicos; E não é porque sabemos nos comunicar que somos profissionais de comunicação.

Ironias a parte, é um crime o que a ignorância gera em determinadas empresas. Comunicação é uma ciência e também uma arte. É preciso competência e responsabilidade para realizá-la, pois o que se anseia são resultados para relações saudáveis. Não basta apenas ter técnica, ela precisa estar aliada a talento e comprometimento. Comunicação interna vai além de murais, house-organs, intranets, e-mails e caixas de sugestões. Ter veículos ou canais de comunicação simplesmente para cumprir metas de desempenho, é sinal de um plano de avaliação muito mal elaborado.

Dou aulas apenas no último ano de graduação. Parte do meu papel é relacionar o mundo ideal que os alunos aprenderam com o mundo real de mercado que está por vir. O choque deles quando se deparam com estes clientes é grande, mas ultimamente também tenho me assustado.

Vale ressaltar, que mesmo com este espetáculo corporativo, é importante que as empresas abram as portas para estudantes. De uma forma ou de outra, estão recebendo as informações identificadas nas pesquisas para reflexão interna. Mesmo com muita lentidão no processo, continuo acreditando na evolução qualitativa das empresas.

A disciplina de comunicação deveria existir em qualquer curso universitário e também nos programas de trainee. Não para que todos sejam especialistas da área, mas para que aprendam à relevância da ciência e que saibam contratar um profissional no momento certo. Até porque bons resultados não são percebidos como se deve sem comunicação de qualidade.

Para as empresas que cuidam bem de sua comunicação interna, deixo meus cumprimentos. Vocês são a exceção e o exemplo!

Para os outros... Comunique-se quem puder!


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