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COLUNAS


Denise Monteiro
denisemonteiro4@hotmail.com

Gestora de negócios na área de Comunicação Empresarial, ministra palestras, cursos e treinamentos na área de comunicação. Atuou em organizações como Grupo Ogilvy, Rede Globo de Televisão, Unilever e Tetra Pak. Foi diretora da D+D Eventos. Foi coordenadora de pós graduação na FAAP; e professora na graduação, pós-graduação e MBA na FAAP e Anhembi Morumbi.
Graduada em Comunicação Social com habilitação em Relações Públicas. Pós-graduada em: Comunicação Empresarial e Gestão de Serviços pela ESPM e no Máster em Tecnologia Educacional pela FAAP. Mestre em Comunicação e Práticas de Consumo pela ESPM – Escola Superior de Propaganda e Marketing.

O dito e o percebido dos candidatos presidenciáveis

              Publicado em 24/09/2014

Recentemente, assisti novamente as entrevistas dos candidatos à Presidência da República, ao Jornal Nacional, na internet[1]. Vi todas na sequência, comparando o desempenho de cada um, tentando me desprender do conteúdo. Ou seja, como todos são muito bem treinados para falar em público e se relacionar com a imprensa, busco aqui fazer uma pequena análise apartidária e isenta. Apenas técnica.

A primeira foi a de Aécio Neves. Repórteres aparentemente calmos e candidato, habituado a disputas eleitorais, demonstrava naturalidade. Ouvia serenamente, se isso for possível em tais circunstâncias, e calava-se nas intervenções. Não irritava os entrevistadores, a não ser, eventualmente, por uma tática antiga, não muito recomendável atualmente, que é a de elogiar a pergunta, agradecendo a oportunidade de falar sobre o assunto (caso aeroporto). Isto pode ser uma forma de ganhar tempo para elaborar resposta, mas pareceu “excesso de simpatia”. Falou dentro de seu tempo e o encerramento da entrevista ocorreu sem estresse.

A segunda, após o acidente com Eduardo Campos, foi com a Presidenta Dilma, na qual um contexto importante precisa ser considerado: William Bonner e Patrícia Poeta saíram de seu porto seguro nos estúdios, do Rio de Janeiro, e foram realizar a entrevista no campo da candidata, no Palácio do Planalto, em Brasília. Não estavam recebendo, estavam sendo recebidos, provavelmente no local mais seguro e/ou vigiado do País. Mesmo sendo profissionais preparados para tais situações, tudo tem seu peso.

A Presidenta foi a única candidata a ter um papel sobre a mesa durante a entrevista (insegurança). Tinha uma câmera posicionada exatamente em frente a ela. Não aceitou as interrupções. Mesmo após calar-se ao receber outro questionamento, continuava na resposta anterior, desconsiderando a intervenção. Chegou a desafiar os jornalistas, questionando os dados que possuíam. Esses desconfortos podem ter soado como provocação para os repórteres que desejavam ter controle da situação para obter material exclusivo, diferenciado. As respostas longas visivelmente incomodavam os entrevistadores, que desejavam abordar novos temas. Patrícia Poeta chegou a colocar o dedo em riste para a Presidenta da República (gafe). Com o tempo estourado, o final da entrevista foi tenso. Dilma demonstra se conter. Algumas das vezes (poucas) que gaguejou, provavelmente era para não dar a resposta desejada e, sim, a adequada.

O Pastor Everaldo deu a terceira entrevista. Começou sorrindo demais. Aos poucos o sorriso foi se apagando, terminou sério e com a boca muito seca (é bem provável que ele tinha um copo de água a sua disposição, próximo a bancada) indicando nervosismo. Lembrando que estou desconsiderando o conteúdo, ele falou bem. Como Pastor, tem experiência de orador, porém, a audiência é um público diferente, formado por várias outras crenças e descrenças.

Marina Silva foi a última, e vale considerar o menor tempo que teve para se preparar como candidata. Inicialmente, ela seria vice. Tem a voz fina e falha, somada a postura delicada, e pode ser interpretada como frágil e inocente. Não se esquivou das perguntas, mas as respostas eram longas e, por consequência, interrompidas. Mesmo com seu jeito delicado também chegou a enfrentar Patrícia Poeta ao afirmar que ela desconhecia seu histórico. A jornalista desnecessariamente defendeu-se dizendo que estudam os candidatos. Bastava o silêncio.

De forma geral, é preciso ser rápido nas respostas cujos veículos dependem do tempo, como rádio e TV. Porém, não é simples responder a perguntas difíceis sem contextualizar o histórico do episódio. Políticos mais experientes usam o tempo das respostas para destacar outros aspectos e inserir suas mensagens-chave. Para enfraquecer um fato desfavorável, destacam vários outros favoráveis e o tempo vai passando, entrevistadores se irritando e interrompendo.

Os veículos, por força das circunstâncias, impõem muitas regras. Preferem as questões mais polêmicas em virtude do tempo e audiência, e outras pautas relevantes são desconsideradas.

Ainda não tenho predileção por nenhum candidato. Gostaria de ter melhores opções competitivas. As entrevistas não têm me ajudado a definir. E não será no horário político, aonde todos falam bem de si e mal da oposição, que irei decidir. Os debates demonstram, não necessariamente, o mais preparado para o cargo e, sim, o mais preparado para falar em público, com a mídia, de improviso, etc. Por outro lado, quem não sabe falar com seu povo pode estar preparado para assumir este cargo? Que vença o melhor comunicador e que este seja o melhor candidato para o cargo.


[1] http://g1.globo.com/politica/eleicoes/2014/noticia/2014/09/assista-integra-das-entrevistas-dos-presidenciaveis-no-jornal-nacional.html


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