Personalidade nos pronunciamentos já!
No final do século passado, nós, os profissionais de comunicação institucional, desenvolvemos e aprimoramos técnicas de media training. Ensinamos a naturalidade, seriedade, credibilidade, postura, vestimenta, seleção de palavras e as respostas prontas dos Q&A (Questions and Answers). Era o tempo em que jogadores diziam “futebol é uma caixinha de surpresa”. Quem terá sido o primeiro a dizer isso?
Enfrentávamos a insegurança dos porta-vozes em se relacionar com a imprensa.
Neste período, pós-ditadura e pré-democracia, o fantasma da exposição e o receio de seus reflexos assombravam a intenção de transparência estratégica. Lembrando que na época pré-internet, as mídias eram tradicionais, restritas e limitadas, alinhadas com seu tempo e tecnologia. Por outro lado, a imprensa possuía um tempo maior para apurar fatos e refletir sobre os conteúdos.
O tempo foi passando, os veículos de comunicação se multiplicando, a velocidade acelerando, a transparência se valorizando e os profissionais treinando. Treinaram tanto que se igualaram.
O media training continua sendo uma excelente e importante ferramenta, mas as respostas... Às vezes tenho a impressão de ler cópias de matérias de diferentes empresas em variados segmentos. Na última Copa do Mundo da FIFA™ assisti técnicos e jogadores com discursos completamente estratégicos. Falar o que deve, ocultar o que é preciso e posicionar bem as mensagens-chave. Ninguém falou mais da “caixinha de surpresa”. Evoluímos e padronizamos.
Tudo tão certinho que fica o desejo de quero mais. Então tem mais? Pois é, parece que algo ficou oculto. Um distanciamento da verdade? Mas a origem dos treinamentos não era transmitir verdade?
Em vários momentos, nas entrevistas da Copa ou com executivos, pensei que, mesmo leiga nos temas, poderia ter dito a mesma coisa. As respostas prontas.
Bons jornalistas, e ainda existem vários, estão com grandes possibilidades de tornarem-se espécie em extinção. Com tantas mídias e reproduções nas redes sociais, multiplicam-se também as bobagens e chatices editoriais. A fácil aceitação do que lhes é dito, somado ao despreparo intelectual e necessidade de publicar rapidamente, compõem uma bomba de dimensões imprevisíveis. Por vezes, uma palavra fora do contexto é pinçada no título para “vender” a matéria, na tentativa de salvar um conteúdo fraco.
Na próxima campanha eleitoral veremos vários políticos bem treinados, com discurso padrão, e que nos deixarão inseguros, com a sensação “déjà vu” que remete a falta de verdade/credibilidade.
A verdade se impõe quer seja ocultada ou não. Porém, quem lida melhor com ela ganha credibilidade.
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