Passando a mensagem certa
No mês passado falamos sobre a importância da voz e da maneira como ela é produzida, no impacto que as pessoas tem sobre nós e a mensagem que pretendemos passar. Como vimos, todas as possibilidades de variações produzem impressões claras a nosso respeito.
Falaremos, agora, sobre como a nossa fala e o nosso corpo também são responsáveis pela nossa comunicação.
A fala espontânea tem como característica a imprevisibilidade. Quando falamos, modificamos o padrão de acordo com o conteúdo, com os sentimentos e as emoções envolvidas. Utilizamos os recursos vocais: a ênfase, as pausas, a curva melódica, a velocidade e a intensidade.
Veja que interessante: a ênfase é um grifo, é um destaque que damos ao que é mais importante na frase. Ao enfatizarmos determinado trecho, colocamos de modo claro a nossa opinião, o nosso juízo de valores. Esse é um acréscimo importante! Além disso, a ênfase elimina qualquer risco da emissão parecer monótona : o aumento da intensidade, do tom, a articulação mais equilibrada do trecho o destaca e muda o ritmo da frase que está sendo dita. A fala ganha também mais entusiasmo, mais emoção!
As pausas tem objetivo didático. Elas determinam blocos com significado próprio do conteúdo. Assim, se eu tendo a não usar pausas no meu discurso, passo a impressão de que não estou nem aí com a compreensão do outro; ao contrário, se eu uso pausas excessivamente, parece que eu penso que o outro é um ignorante! Forte né? Veja como um detalhe pequeno, como a pausa, pode produzir estrago ou sucesso como resultado...
A curva melódica é bem interessante: quando falamos de algo alegre, festivo, ou surpreendente, a tendência é usarmos curva ascendente. Ao contrário, quando o conteúdo é mais sério, até triste, a curva fica descendente. E nas informações de conteúdo mais neutro, objetivo, sem muita emoção, a frase fica mais linear.
Fica difícil de explicar isso só escrevendo, mas se você quiser ter uma idéia melhor, veja no Youtube os meus vídeos para a Você S/A. Portanto quanto mais caprichamos nessas variações, mais a nossa fala fica rica! Ao falarmos de modo mais rígido, ressaltamos o lado dinâmico, ágil da mensagem. Ao falarmos mais lentamente, ressaltamos o que dizemos e reforçamos a emoção.
E o corpo? O que ele pode “dizer”? Temos que considerar três parâmetros: A postura, os gestos e a expressão facial.
A postura ideal deve ser ereta confortável, com os ombros alinhados e os braços soltos. Assim, passamos a idéia de conforto com a situação, segurança e equilíbrio. Se os ombros estão caídos, a cabeça baixa, a impressão é de desconforto com a situação, insegurança, falta de conhecimento. Uma postura “esticada” demais, com a cabeça elevada, passa a idéia de arrogância.
Os gestos são naturais e devem acompanhar sempre a fala. Usamos gestos para marcar as ênfases, e para simbolizar o que estamos dizendo. Cuidado com a linha dos gestos! Os mais naturais acontecem próximos da cintura. Gestos mais altos denotam certo descontrole.
Já a expressão facial se modifica de acordo com o conteúdo de nossa mensagem, e, como o rosto é o espelho da alma ... Convém deixar claro o que queremos dizer! O mais interessante é manter o rosto descontraído, para que as modificações aconteçam naturalmente.
Bem, na prática, todos esses pequenos detalhes, unidos, compõem a nossa mensagem e procuram estar de acordo com ela. A orientação principal é que estejamos sempre muito bem preparados para o que vamos dizer. Que conheçamos, no fundo, os conceitos envolvidos, e que, no momento da comunicação, possamos naturalmente nos apropriar do que estamos dizendo. Assim, voz, fala e corpo atuarão de modo harmonioso, como uma grande orquestra, produzindo a mais maravilhosa melodia.
Boa sorte!
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