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COLUNAS


Carlos Parente


Graduado em Administração de Empresas pela UFBA, com MBA em Marketing pela FEA USP, possui um sólido histórico de experiência em Comunicação Corporativa e Marketing, com participações e lideranças em processos de comunicação estratégica, inclusive internacionais. Também atua como professor de Comunicação e Responsabilidade Corporativa e de Marketing no MBA de Marketing da FGV, e nos cursos de pós-graduação da ESPM e Anhembi Morumbi. Publicou o livro Obrigado, Van Gogh, sobre comunicação empresarial, pela Editora Peirópolis.

Obrigação ou Inclusão?

              Publicado em 06/11/2009

Ao lermos o termo “Inclusão”, podemos transitar por diversos caminhos. Inclusão de quê? De quem? Como? Onde? E quando? São tantos os excluídos... Inclusive nós já passamos ou podemos estar passando por uma situação na qual nos sentimos à margem. Situação essa que remete à dor, tristeza, abandono e rejeição. Sentir-se excluído é sentir-se inútil, insignificante, é estar fora, à parte.  O que muitas vezes pode gerar um sentimento de luta, o desejo de mostrar para o outro que se é  capaz. Os momentos nos quais nos sentimos assim são transitórios, ainda que pareçam eternos. Algumas vezes não superamos e “carregamos” essa marca, outras tantas sim, e então nos sentimos incluídos, parte, envolvidos, e satisfeitos por sermos úteis e importantes para alguém.

Mas ainda existem grupos que são rotulados incapazes, inferiores e diferentes. Diferente de quê e de quem? Quem não é diferente? Ou melhor, quem não é único? Lembro-me de, várias vezes, estar conversando com algum amigo surdo em lugares públicos e as pessoas passarem e por achar que eu também era surda comentavam algo como: "Coitadinha, tão bonitinha e surda-muda!" No início, eu brigava, hoje apenas comento, "Não sou surda, muito menos muda. Pois não existe “surdo-mudo”. Muitos surdos falam  bem a língua portuguesa e, além disso, possuem sua língua, a Libras – Língua Brasileira de Sinais".

Nem sempre atitudes como essas são por discriminação, mas por falta de conhecimento. É o "pré-conceito".  Contra ele é que precisamos lutar, não apenas para que as leis sejam cumpridas, pois elas surgem na tentativa de recuperar um tempo perdido. Como é o caso da 8.069/90 que garante o acesso de toda criança à educação. E a Lei 8213/91 mais conhecida como “Lei de Cota”, que reserva vagas em empresas para pessoas com deficiência. Mas, será que cumprir um número basta? Ou vale a pena refletir como é o processo? Quais marcas ele deixa? Que frutos trarão ao longo do tempo?

Educação e emprego, dois pilares fundamentais. Como podemos exigir profissionais altamente qualificados se até pouco tempo nas nossas escolas não havia rampas, intérpretes de Libras, profissionais conhecedores do Braille? Alguns até achavam que Síndrome de Down era doença. Em passos lentos, essa realidade tem mudado.

Como empresa, precisamos ir além, formar, capacitar, contribuir para que cada dia não seja uma mera obrigação, mas sim um processo de inclusão. Agindo assim, perceberemos que nem sobre inclusão será necessário falar, pois não existirá ninguém, nenhum grupo excluído.  

Precisamos construir rampas em nossas empresas, não apenas as físicas, mas em nossos corações e mentes, que nos conduzam a outros caminhos, a falar uma língua diferente das orais, a guiar o próximo com cordialidade e, quando necessário, ter firmeza na voz e nos comunicar com a ternura do olhar. É possível! Seja você um agente multiplicador!

O assunto não se esgota aqui, em breve, falaremos mais sobre o processo de inclusão nas organizações.


Os artigos aqui apresentados n�o necessariamente refletem a opini�o da Aberje e seu conte�do � de exclusiva responsabilidade do autor. 4303

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