A comunicação no contexto organizacional passa por processos amplos de discussão e análise nos ambientes acadêmico e profissional, em função das transformações do cenário contemporâneo, e por isso torna-se importante levantar algumas implicações dessas mudanças para nossas práticas profissionais.

 Primeiramente, esse cenário nos leva a compreender as organizações (públicas, privadas e do terceiro setor) como um fenômeno social complexo, que apresenta variáveis econômicas, sociológicas, políticas, culturais e lingüísticas, dentre outras. Por isso mesmo, fluxos informacionais e processos comunicacionais no contexto organizacional devem ser entendidos a partir de referenciais teóricos que reconheçam a comunicação como uma inter-ação, na qual não está estabelecido, a priori, o lugar dos interlocutores – organização e grupos envolvidos. A comunicação é considerada, portanto, justamente como  espaço da troca e de compartilhamento de informações, percepções e demandas de cada um dos envolvidos.

Assim, chegamos a outra questão importante que é o entendimento da comunicação como um processo que envolve sempre mais de um interlocutor - que tem suas histórias percepções e interesses ao  iniciar uma relação e que traz consigo todo seu repertório de experiências  e atuação social. Nesta perspectiva, os processos comunicacionais estabelecidos entre uma organização e os grupos (públicos) são entrelaçados por significações e ressignificações, num processo autônomo, que tem seus pontos de fuga, já que  outros sentidos são produzidos, a despeito da intencionalidade do emissor. A pretensão de controle torna-se cada vez mais inócua, uma vez que não é possível ter o domínio  da recepção das informações organizacionais, nem tampouco dos sentidos produzidos.
 
Essa realidade é reforçada com o avanço das mídias sociais, o que leva a um questionamento do modelo vertical e unilateral de comunicação, ainda  utilizado, que reconhece apenas  a organização como  emissor e os grupos com os quais se relaciona como receptores passivos de mensagens e informações.  

Parece-nos essencial, neste momento, reconhecer a insuficiência da unilateralidade e lançar um olhar diferenciado para os fenômenos que envolvem a complexidade dos processos interacionais das organizações. É preciso ampliar  as visões que ainda orientam algumas práticas profissionais, focadas nos meios tradicionais de comunicação, e reconhecer a diversidade das organizações e seus processos comunicacionais. Há aí, ainda, um caminho a ser construído pela comunicação no contexto organizacional.
 
Ao receber o convite da Aberje para assumir mensalmente esta coluna no seu site, considerei muito importante e propus a ampliação de participação com os meus colegas do Grupo de Pesquisa, “Comunicação no contexto organizacional: aspectos teóricos conceituais”, PUC-Minas/CNPq, já que o nosso propósito é elaborar uma sistematização do campo, marcando  um “lugar de fala”, um olhar próprio para os fenômenos  comunicacionais relacionados às organizações. 

Este diálogo aberto nos permitirá trocar reflexões  e estabelecer um vínculo mais próximo com o mundo profissional. Esta troca, esperamos, será frutífera e ampliará as discussões do Grupo de Pesquisa.   Vamos trazer mensalmente assuntos relacionados a comunicação no contexto organizacional, e desejamos receber opiniões de nossos leitores.