Já virou quase um clichê dizer que a diversidade gera valor. Uma força de trabalho composta de homens e mulheres, de todas as cores, etnias, condições físicas, orientações sexuais e identidades de gênero melhora o clima organizacional, aumenta a produtividade, diminui o absenteísmo, fortalece a reputação e por aí vai. É o que mostram os principais estudos -- norte-americanos, principalmente -- sobre o tema.

Nós, comunicadores, porém, sabemos que valor tem um sentido que vai bem além de números frios ou métricas de lucro. Valor é também uma mensagem da organização, um atributo que norteia suas ações, orienta o dia a dia e serve de referência para os diversos públicos com os quais ela se relaciona. Os valores, em conjunto com a missão e a visão organizacionais, dão o tom de como a empresa quer ser percebida e pra onde ela direciona seus esforços.

Pensando nisso, me debrucei sobre os valores corporativos de 85 organizações convidadas pelo Fórum de Empresas e Direitos LGBT para assinar a carta dos 10 Compromissos da Empresa com a Promoção dos Direitos LGBT. Trata-se de um conjunto de ações envolvendo a revisão de práticas de recursos humanos, o respeito na comunicação e marketing e o incentivo a ações educacionais que conscientizem sobre o respeito a gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros.

Meu objetivo era entender se o fato de a diversidade aparecer entre os valores organizacionais serviria de estímulo para a organização aderir a compromissos que dessem forma àqueles ideais. Os resultados confirmaram a hipótese.

Das 85 empresas convidadas, até dezembro de 2014, 16 haviam assinado a carta-compromisso - hoje, o número está em 21. Destas 16, seis trazem a diversidade explicitamente como um valor organizacional. As outras 10 mencionam o tema de maneira mais discreta sob a forma de enunciados como "respeito às diferentes pessoas" etc. O ponto relevante é que todas as empresas que se engajaram na assinatura do documento proposto pelo Fórum trazem a diversidade, de forma implícita ou explícita, em sua proposição de valores.

No lado inverso, entre as 69 empresas que não haviam assinado ainda o documento, apenas 22, de uma forma ou de outra, faziam menção à diversidade entre seus valores organizacionais. As demais 47 não tocavam no assunto.

A maioria das empresas que não cita a diversidade como um valor importante para a organização é brasileira, mas isso é assunto para outra coluna. A reflexão que gostaria de propor neste momento é sobre a importância dos valores no incentivo à tomada de decisões. Eles têm um papel fundamental para convencer a alta administração, incentivar os funcionários e engajar os públicos a assumir compromissos e tomar partido em questões relevantes, como a diversidade e tantas outros.

Deixo o convite para você avaliar os valores de sua organização e verificar se eles seguem em sintonia com o momento atual, com as necessidades da sociedade e mesmo - por que não? - com os seus valores pessoais. Compartilhem comigo os resultados!