Diversidade na prática
Os números são de 2013, mas ainda estimulam reflexões. Pesquisa do Pacto Global, da ONU, realizada com 2 mil empresas em 113 países, revelou que muitas organizações definem metas na área de responsabilidade social, mas falham na execução das políticas. Se, por um lado, 65% das empresas desenvolvem planos de sustentabilidade a partir do alto escalão, por outro apenas 35% capacitam os gerentes para atuar de maneira integrada, relacionando o tema às suas atividades cotidianas.
O resultado disso é a conhecida lacuna entre discurso e prática. Numa época como a nossa, de públicos mais engajados, vigilantes e bem informados, a incoerência entre o "dizer" e o "fazer" representa um risco em termos de reputação e imagem -- além, é claro, de não ser um comportamento propriamente ético.
Quando o assunto é diversidade, é fundamental o compromisso com medidas efetivas que tornem a comunicação da empresa e o ambiente de trabalho mais variado em termos de variedade de gênero, cor, orientação sexual, capacitação física, enfim, espaços de fato representativos da pluralidade que testemunhamos na sociedade.
Olhe ao seu redor. Quantos colegas negros trabalham no seu departamento? E deficientes? Quantas mulheres em posição de destaque? E a população LGBT, tem espaço na sua empresa ou o ambiente corporativo ainda reproduz a lógica do "don´t ask, don´t tell"?
Se hoje existe uma preocupação em dar vez e voz a essas pessoas na comunicação das empresas, faz sentido que elas tenham espaço também dentro da organização, certo? Afinal, quem melhor para entender as demandas, antecipar desejos e se relacionar com um público cada vez mais diversificado senão uma equipe, também ela, plural?
"Ah, mas contratação é responsabilidade do RH!", alguém poderia dizer. Eu responderia, então, que é preciso alargar nosso entendimento de comunicação para além da dimensão meramente instrumental.
Comunicação é também favorecer o diálogo, despertar sensibilidades, ativar a empatia e levar os gestores, por exemplo, a refletir sobre por que nossos ambientes de trabalho são tantas vezes monocromáticos, monotemáticos... e monótonos!
É fazendo mais do que se espera que a gente legitima a área, conquista credibilidade, colabora com os resultados organizacionais e, melhor de tudo, deixa nossa marca como cidadãos capazes de transformar a realidade a partir de nossos locais de trabalho.
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