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Marcos Ernesto Rogatto
marcos@vistamultimidia.com.br

Jornalista e Mestre em Multimeios pela Unicamp. Trabalhou na TV Manchete, Revista Veja e TV Globo São Paulo. Foi diretor de Comunicação da Prefeitura de Campinas e colaborador da Gazeta Mercantil. Há 25 anos trabalha com vídeos e multimídias corporativas. Atualmente é Diretor da produtora Vista Multimídia e participa do Grupo de Estudos de Novas Narrativas/GENN.

O Movimento Maker e os Fazedores

              Publicado em 01/09/2015

O Maker, ou faça você mesmo, é um movimento crescente que propaga o uso autônomo das tecnologias. Com essa essência, qualquer um poderia fazer manutenção de equipamentos eletrônicos ou até mesmo inventar algo novo. Essa diferente forma de inclusão digital permite às pessoas, sem conhecimento técnico aprofundado, construírem seus próprios dispositivos ou soluções para o cotidiano.

Do movimento surgiram FabLabs, Maker Spaces, robôs domésticos e fabricação pessoal de peças. Os FabLabs são espaços makers que compartilham ferramentas e saberes, permitindo materializar uma infinidade de coisas. Hoje se transformaram em uma rede de compartilhamento de conhecimento, que se estende por mais de 60 países e 450 laboratórios. Algumas empresas seguem essa tendência ao criam novas áreas para seus funcionários, como fez a CI&T, no Espaço Garagem em Campinas.

O movimento tem em seu cerne a colaboração, que proporciona troca de experiências, bem como a licença open source, que diminui custo e tempo de desenvolvimento de protótipos. O resultado, em boa parte das vezes, são projetos interativos de co-criação. Nada disso seria possível sem as placas Makers e a famigerada plataforma Arduino. Ela foi idealizada por Massimo Banzi e seus colegas do Instituto de Design de Interação Ivrea. Trata-se de uma plataforma eletrônica, de código aberto, baseada em hardware e software de uso fácil. Massimo criou o primeiro FabLab da Itália e depois o Officine Arduino, um FabLab / Makerspace com sede em Torino.

A fabricação de protótipos, de baixo custo, incentiva os pequenos negócios e impulsiona a inovação. Esses profissionais da indústria criativa e empreendedores da tecnologia são denominados de Fazedores. Eles desenvolvem jogos de programação aberta, peças utilitárias desenvolvidas em impressoras 3D, próteses para as mais variadas aplicações e uma série de objetos inovadores.

Os FabLabs são locais com estações de solda, máquinas de corte a laser, impressoras de alta tecnologia, placas eletrônicas e ferramentas para instrumentação. Mais do que produzirem protótipos esses locais geram ideias inovadoras. Esse empreendedorismo “mãos na massa” democratiza o acesso às novas tecnologias, descomplica conhecimento técnico e compartilha uma nova maneira de trabalhar.

O site “Fazedores” deseja inspirar profissionais, ajudar a aprimorar conhecimentos ao divulgar ideias e projetos. Estão abertos a todas as áreas do mundo maker: da eletrônica à robótica, da impressão 3D à culinária, da arte interativa às melhorias domésticas.

Outro grupo, o Embarcado, possui a missão de compartilhar conhecimento, sobre o desenvolvimento desses sistemas, e contribuir com o avanço tecnológico do país. Em parceria com a Freescale, lançou a Casa Conectada 2015, concurso para premiar o desenvolvimento de protótipos para Smart Homes e Smart Energy. Os escolhidos deverão resolver questões relacionadas à economia de água e energia e conexão de aparelhos da linha Branca à Internet das Coisas.

O movimento Maker tem tudo a ver com a internet, onde todos nós podemos produzir e compartilhar conteúdos. As redes sociais reinventaram processos no universo do trabalho e na comunicação corporativa. Agora se faz necessário adaptar as formas de produção e distribuição dos conteúdos para que sejam essencialmente dinâmicos e participativos. Os Makers trazem essa pegada com iniciativa, engajamento e coautoria.

As plataformas digitais trouxeram o Inbond Marketing, Technovation, Storydoing e Branded Content. Todas inovações estratégias que ajudam a associar um produto a um conceito. Mais do que antes, é preciso estabelecer o propósito da marca e vínculo emocional com os públicos. Nesse ambiente virtual, de construção de relacionamentos, os conteúdos devem ser relevantes. Entretenimento, cultura e serviços se somam na busca do compartilhamento.

Os profissionais de Comunicação devem ter um olhar, no mínimo curioso, para esse movimento. Também seria prudente criarem canais para que o funcionário possa exercer seu lado fazedor e co-autor. Afinal, cada vez mais a “uberização” – que nomeia a era da economia colaborativa - está em alta.

Em um Brasil de população criativa, com grande adesão às tecnologias e que tem por natureza ser um “fazedor” o movimento Maker pode alterar as relações de trabalho e impactar positivamente nossa sociedade. Nesses espaços estão jovens que participam da construção de um novo viés na economia criativa, compartilhando conhecimento e estimulando a inovação.


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