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Marcos Ernesto Rogatto
marcos@vistamultimidia.com.br

Jornalista e Mestre em Multimeios pela Unicamp. Trabalhou na TV Manchete, Revista Veja e TV Globo São Paulo. Foi diretor de Comunicação da Prefeitura de Campinas e colaborador da Gazeta Mercantil. Há 25 anos trabalha com vídeos e multimídias corporativas. Atualmente é Diretor da produtora Vista Multimídia e participa do Grupo de Estudos de Novas Narrativas/GENN.

Reputação e Engajamento para CEOs

              Publicado em 17/04/2015

A capacidade do CEO em lidar com os diferentes públicos está diretamente ligada ao sucesso e à reputação da empresa para a qual trabalha. A conclusão é do estudo European Chief Communication Officers Survey, promovido pela Ketchum e pela European Public Relation and Research Association, para o qual entrevistaram 579 responsáveis pela comunicação de companhias em 39 países europeus.

Sabemos que os intangíveis dependem muito da forma com que o CEO se relaciona. Mesmo assim, ainda hoje temos líderes que gostam de exercer a autoridade dentro do conceito weberiano e priorizam a velha estrutura hierárquica de poder.

Jeffery Pfeffer, professor de comportamento organizacional na Escola de Negócios da Universidade Stanford, em seu último livro, Leadership B.S: Why Workplaces and Careers Suffer - And What to Do About It, faz um ataque à indústria da liderança. Segundo ele, a ideia de que as empresas estão mais dinâmicas e horizontais é ilusão. “O sistema de comando e controle é o mesmo. O que muda é o discurso persuasivo dos líderes”, diz. Críticas à parte, sabemos que muitas empresas fazem a diferença para suas comunidades, não só por gerarem bons empregos e produtos honestos como também por desenvolverem ações sociais, adotarem práticas éticas e sustentáveis etc.

A pesquisa recente The CEO Reputation Premium: A New Era of Engagement, da Weber Shandwick, em cooperação com KRC Research, mostrou que 45% dos executivos consideram a reputação da empresa associada à reputação do CEO. Os dados apontaram que o maior risco relacionado à essa reputação é o líder assumir publicamente uma posição sobre políticas públicas. Para 48% dos entrevistados é inadequado o CEO se posicionar sobre essas questões. Já 35% consideram que é importante ele se posicionar sobre esses temas. Esse interessante estudo foi citado na revista Meio & Mensagem de março, em artigo de José Schiavoni, CEO da S2Publicom e diretor da Weber Shandwick no Brasil. Para ele, o momento exige cautela no posicionamento público dos executivos brasileiros.

Penso diferente e empatizo com os 35% dos executivos que consideram que é importante se posicionar sobre políticas públicas. Se recordarmos que em 1979 tivemos a anistia, bem como o fim do bipartidarimo e, logo depois, as “Diretas Já” com a restauração do Estado de Direito, estamos há quase duas décadas e meia desfrutando dos privilégios de um regime democrático, no qual opinar é mais que um direito, sobretudo nessa era do engajamento e frente a um Brasil que clama por mudanças prementes.

No momento em que várias empresas, inclusive da área da Publicidade / Comunicação, se veem arroladas em denúncias, com seus CEOs - que tanto pressionavam o Departamento de Comunicação a conseguir uma foto na capa da revista Exame – nas páginas policiais, é mais que hora de surgir uma nova liderança empresarial.

Nesse sentido foi louvável a atitude de algumas entidades patronais e de três centrais sindicais que, no início de abril, lançaram o movimento Coalizão Indústria-Trabalho para Competitividade e Desenvolvimento. O objetivo é pressionar o governo federal pela melhora das condições econômicas que, segundo o grupo, está “estrangulando” a indústria do país. Para eles os juros estão em patamares pouco competitivos no mercado internacional e os tributos incidem em “cascata”.

Para o empresário Jorge Gerdau Johannpeter a intenção do grupo é "convencer" o Executivo e o Legislativo de que a indústria do país "precisa de igualdade competitiva, para que volte a ter a posição que já teve". Os empresários apresentaram números segundo os quais a participação da indústria de transformação brasileira no PIB, que já foi de 35% nos anos 80, caiu para 12% atualmente.

Além de reformas políticas o Brasil precisa deixar para traz o modelo de empresário canastrão, das companhias dos balanços inflados ou de práticas ortodoxas de maximizar valor para beneficiar acionistas. Até mesmo Jack Welch, o famoso ex-presidente da GE e adepto da escola conservadora de negócios, afirmou que esse tipo de prática "era a ideia mais estúpida já vista".

Segundo o tom da matéria de capa da revista Época Negócios desse mês de abril temos uma geração de futuros CEOs dispostos a fazer algo grandioso pelo país. Uma esperança em um ambiente acostumado a ver empresários frequentarem leilão beneficente de colunável em que é inevitável lembrar de Raul Seixas, na música Ouro de Tolo: “.... e você que ainda acredita que está contribuindo com a sua parte para o nosso belo quadro social”.


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