Vivemos atualmente um ceticismo e um desânimo tão grandes no Brasil, que chega a ser comovente quando nos deparamos com um exemplo de gestão de reputação de uma instituição “pública” como a Força Aérea Brasileira.

Principalmente quando se vai a uma palestra, sem nenhuma expectativa além da curiosidade. Foi exatamente isso que aconteceu comigo no último dia 30 de julho, durante o seminário de reputação aqui na Aberje. Estávamos no final do evento e o último painel contaria com a apresentação do Coronel Aviador Henry Wender.

Uma palestra inusitada para uma cidadã comum como eu, cuja trajetória foi toda construída na iniciativa privada, e que, até então, sabia quase nada sobre a FAB. Os poucos episódios de que me lembrava estavam relacionados a acidentes aéreos. Nada muito agradável ou memorável.

Vocês não fazem idéia da surpresa que foi me deparar com um homem simples e divertido, que transmite conhecimento de causa e honestidade de posicionamento na medida certa. Do alto de seus 50 anos, 35 dos quais dedicados à Aeronáutica e 20 na área de comunicação da instituição, o Coronel Henry é um líder legítimo e inspirador. Transparente e sincero, nos mostrou como é possível construir e gerenciar uma reputação com visão e planejamento de longo prazo. E que reputação! Sendo uma instituição sem fins lucrativos, a FAB depende exclusivamente de sua boa reputação para conseguir financiar seus projetos.

É para nós, seus “clientes”, que ela trabalha. E nossa certeza de que os “funcionários” da FAB estarão sempre a postos para agir nas situações de risco ou emergência, para a população ou o país, depende da boa reputação que ela tiver.

Coronel Henry uniu teoria e prática de uma maneira como fazia tempo eu não via em palestras de altos executivos da iniciativa privada. Ele embasou sua apresentação intercalando teóricos alemães (que eu não conhecia) com citações de profissionais do mercado brasileiro. E enfatizou uma qualidade essencial, na sua visão, para um profissional de comunicação: sensibilidade. Especialmente em momentos de crise.

Foi uma excelente apresentação, sem frescuras nem firulas, recheada por incríveis histórias de bastidores que descortinaram um universo onde a hierarquia, as regras e a disciplina são respeitadas. E os planos não mudam a cada trimestre. Confesso que saí de lá com uma sensação de encantamento e uma pontinha de inveja...