Tem empresa que parece estádio de futebol. Nós da Comunicação contra Eles do Marketing. Eles não são fáceis. Pra começar, eles têm um orçamento enorme. Ah, se nós tivéssemos metade da verba deles...Outra coisa que irrita é esse jeito metido de donos da verdade, de superioridade. Aliás, eles podiam nos envolver no planejamento das coisas e não simplesmente compartilhar quando está tudo pronto, só para divulgar. Bom, talvez sejamos nós que temos complexo de inferioridade... Agora, só entre nós, como eles conseguem medir tudo que fazem? Nosso trabalho é intangível, mas o deles, nossa, o deles tem indicador para tudo que é lado. E cheio de coisa relevante para o negócio. Do outro lado, eles nos acham uns chatos. Estamos sempre com aquele olho esticado para ver o que está acontecendo. E somos rancorosos, temos a péssima mania de criar coisas para competir com as deles. Vingancinha. E assim vai o dia a dia da empresa, nesse jogo aguerrido. Afinal, clássico é clássico.

Esse cenário é realidade em muitas organizações e explica uma série de problemas nas plataformas de comunicação (lato sensu) das empresas. A disputa por egos, vitrines, orçamentos e projetos, no final das contas, prejudica as marcas e o entendimento que os públicos tem das ações. Estou convencido que este é um modelo ultrapassado e que este momento de restrição e gestão eficiente de recursos pode ser favorável para que as empresas repensem suas estruturas. Esse modelo segmentado, que aceita equipes de comunicação e equipes de marketing cada qual em sua gaiola é reflexo da era industrial, em que tudo era departamentalizado. Hoje, gera distorções, desperdícios de dinheiro e de energia e não faz sentido dentro das exigências que o mercado moderno impõe.

Comunicação e Marketing são sobre a mesma coisa e não podem mais ser pensados de forma apartada. Sabe aquele papo? "Não, Comunicação é uma parte do Marketing. Não, as ações de marketing no fundo são formas de Comunicação". Besteira. Foi-se o tempo em que Comunicação era fazer release e Marketing era fazer anúncio. A coisa hoje é muito mais complexa e esse olhar míope enfraquece as ações. Está acabando também o tempo que essas são áreas exclusivas de jornalistas e publicitários. Designers, RP's, estatísticos, administradores, sociólogos, programadores, economistas, psicólogos e uma série de outros profissionais tornam o caldo bem mais grosso e gostoso. Porque antes de ser sobre comunicação e marketing, é sobre pessoas. Qual o sentido de não planejar tudo de forma integrada? Aliás, esse é um termo que precisa ser abolido. As ações só precisam ser integradas por conta das estruturas separadas. Quando Comunicação e Marketing forem uma coisa só, ela já será integrada por natureza. Temos ouvido demais o chavão de que épocas de crise trazem oportunidades. Essa é nossa grande oportunidade: ressignificar os pronomes. Nós temos que ser nós da Comunicação e do Marketing. Vamos deixar o "eles" para os concorrentes.