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COLUNAS


Fabio Betti Salgado


Fábio Betti Salgado é sócio consultor da Corall, consultoria com o objetivo de catalizar a criação e transformação das organizações para o surgimento de uma nova economia, baseada em bem-estar e felicidade, prosperidade distribuída e uso eficiente de recursos. Iniciou na área de comunicação em 1988, na Johnson & Johnson, e, depois, especializou-se em comunicação interna na Dow Química. Foi sócio da Novacia de 1995 a 2009 e, desde 2010, vem atuando como consultor em processos de transformação cultural, tendo como principal abordagem a cultura de diálogo e a comunicação de liderança. Graduado em Jornalismo (PUC-SP), com pós-graduação em Comunicação Empresarial (ESPM) e diversos cursos de extensão e especialização nas áreas de gestão, marketing e publicidade, Fábio é mestrando em Biologia-Cultural (Universidade Mayor do Chile), formado em consultoria antroposófica (ADIGO) e professor da ABERJE, Escola de Diálogo e Escola Matriztica de Santiago. Escreve regularmente sobre comunicação para sites e associações setoriais. Além disso, mantém um blog pessoal para conversar sobre o diálogo nos diferentes domínios dos relacionamentos.

Comunicação é Arte

              Publicado em 13/05/2015

Dizem que escrever é uma arte. Pintar também é. Eu digo que fazer Comunicação é uma arte. Comunicar como profissão – escrito assim mesmo, com caixa alta e baixa – é a arte de traduzir um mundo nem sempre coerente em algo que faça sentido. E o lugar onde o sentido se faz não é na cabeça, mas no coração. A grande Arte – escrita assim mesmo, com caixa alta e baixa – é a linguagem do coração, forjada muito mais pelo sentimento do que pela razão.

Descobri que era um artista quando mergulhei numa adolescência tímida e solitária e vi na poesia de rimas duras e num protoblog a quem chamava simplesmente de “Meu Diário” e onde deitava tudo o que era resenha de livro barato e filme popular, a arena perfeita onde exercitar minha primeira grande Arte, o escrever. Mas fui aprender mesmo a ser artista trabalhando em e com Comunicação. Para ser honesto, devo à profissão o feito de ter me tirado do casulo e me jogado com a alma e o corpo nus no meio do passeio público. Explico. Em meu início de carreira, um dia fui convidado por meu chefe a preparar as transparências – sim, transparências! – para uma palestra que ele iria dar sobre sustentabilidade. Assim que entreguei o pacote com as folhas devidamente emolduradas, recebi a notícia de que eu iria no lugar dele. A palestra seria no dia seguinte, e o grupo era formado por jovens universitários, pouco mais novos do que eu – cerca de 200 pessoas. Eu nunca havia feito uma apresentação em público na vida.  Convidei um colega que trabalhava comigo para me dar apoio moral e lá fomos os dois encarar o desafio. Enquanto eu gaguejava e me confundia com as transparências, suando sem parar, olhava de vez em quando para meu amigo postado no meio da plateia e ele sorria, fazia sinal de positivo e, com isso, ajudava a controlar meu nervosismo.

Sob a ótica de um artista altamente exigente, a palestra foi um retumbante fracasso, mas jamais esqueci desse truque que aprendi a usar e a abusar: em qualquer apresentação, sempre faço contato visual com quem se mostra mais amistoso, o que me permite sair do estado de pânico ao de tranquilidade num piscar de olhos, ou melhor, numa respiração profunda.

Respirar é outro instrumento poderoso para o artista. Quando ele respira de forma consciente, troca energia com o mundo. E, sem troca com o mundo, sem que se deixe tocar pelas coisas do mudo, não há qualquer possibilidade de Arte. Nesse sentido, a Comunicação Organizacional é a Arte de ser tocado pela organização e pelos mundos em que ela orbita. Tem o mundo dos acionistas, o mundo dos clientes, o mundo dos fornecedores, o mundo dos líderes, o mundo dos colaboradores, o mundo dos familiares dos colaboradores, o mundo da comunidade, o mundo da imprensa, o mundo das autoridades governamentais e muitos outros mundos, a depender do tipo de organização para quem se trabalhe. A Arte consiste em ser poroso o suficiente para ser tocado por todos os mundos, de modo a que, quando ajudamos um mundo a se conectar com outro, os dois sintam-se igualmente vistos e escutados.

De tudo o que a Comunicação faz, talvez o mais desafiador numa cultura tão contaminada pelo medo e pela desconfiança seja falar a verdade, mesmo quando ela desagrada um ou outro mundo. E isso só quem é artista mesmo consegue fazer: falar a verdade de uma forma que ajude a criar movimento, acreditando que tudo o que acontece à organização faz parte e poder ser útil a sua evolução, porque, acima de tudo, o artista é aquele que já tem a obra pronta dentro de si frente à tela branca, é aquele que crê para ver. A Comunicação também é isso, a Arte da esperança de que o mundo é sempre um lugar melhor para se viver quando as pessoas conversam e se entendem.


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