Está fazendo um baita sucesso nas redes sociais o texto do discurso de patrono da turma de 2014 da Faculdade de Direito da UFRJ. Ele foi escrito pelo ministro Luís Roberto Barroso, do STF, e se intitula “Cinco lições sobre a vida e o Direito.

O texto está repleto de ótimos exemplos do que caracteriza uma boa comunicação: linguagem ágil e coloquial, mensagens principais destacadas e enumeradas, ilustração com histórias poderosas... Tudo conspira para que o texto seja atraente, gostoso de ler, fácil de ser assimilado, interessante e claro.

As cinco lições apresentadas são as seguintes:

1. Nunca forme uma opinião sem ouvir os dois lados;

2. A verdade não tem dono;

3. O modo como se fala faz toda a diferença;

4. Seja bom e correto mesmo quando ninguém estiver olhando;

5. Ninguém é bom demais, ninguém é bom sozinho e é preciso agradecer.

Para cada lição, o ministro discorre com propriedade e nos faz entender o conceito e a sua aplicação. É impressionante como ele consegue motivar o leitor a acompanhar suas histórias! Fico imaginando como foi o impacto lá no evento, quando ele próprio leu em voz alta, modulando a voz e lapidando as palavras, temperando com a emoção e a intenção do momento.

Mas agora peço a sua licença para focar na terceira lição: o modo como se fala faz toda a diferença. Como isso é real, observável em nossas relações! Uma mesma mensagem dita de modo diferente pode produzir impactos diversos. A maneira como nos comunicamos constrói percepção. Nosso interlocutor identifica essa percepção, e reage imediatamente a ela! É claro que ao conhecermos como se dá esse processo ganhamos mais autonomia sobre os resultados que pretendemos... Assim, faz toda diferença dizer a um paciente que sua doença tem 80% de chance de cura, ou 20% de taxa de mortalidade, conforme ensina o Dr Plínio Montagna! As duas informações são totalmente verdadeiras. Mas chamar a atenção para o primeiro modo de dizer gera no paciente uma reação mais otimista, esperançosa. É a mesma diferença de se falar: “O Brasil perdeu da Coréia na final do voleibol”, ou “O Brasil é vice campeão”! É tudo verdade, mas como brasileiros com certeza preferimos a segunda opção.

No final dessa lição o ministro Barroso fecha com chave de ouro o seu raciocínio, mostrando a importância do cuidado com a embalagem de nossas mensagens em consideração aos outros: “É possível embrulhar os nossos pontos de vista em papel áspero e com espinhos, revelando indiferença aos sentimentos alheios. Mas, sem qualquer sacrifício do seu conteúdo, é possível, também, embalá-los em papel suave, que revele consideração pelo outro.” É essa propriedade fantástica da comunicação que permite a humanidade, a oportunidade da união, do bom relacionamento.

Por isso, preste atenção no modo como você fala. Observe que tipo de reação você costuma provocar! Pense na possibilidade de dizer a mesma coisa de um modo diferente. Principalmente quando o resultado for muito importante para a sua vida! E passe a considerar fazer escolhas variadas. Treine no seu dia a dia, pense em opções para uma mesma mensagem, brinque, seja criativo e mantenha-se aberto às respostas que terá.

Considere com carinho essas diferentes possibilidades e assuma a autonomia sobre as reações que você pretende provocar. Dá trabalho... Mas é uma conquista excepcional! Bom trabalho prá você!