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COLUNAS


Cristina Collina


Profissional com mais de 20 anos de experiência em gestão das áreas de Marketing e Comunicação em empresas nacionais dos segmentos de saúde e serviços. Atuou por 14 anos no Hospital Samaritano de São Paulo, tendo ocupado o cargo de gerente de Marketing e de Comunicação, e acumulado a gestão da área de Atendimento ao Cliente. No Instituto da Criança do Hospital das Clínicas, adquiriu uma rica experiência durante os seis anos em que conduziu a Assessoria de Comunicação e foi responsável pela campanha para a construção do ITACI - Instituto do Tratamento do Câncer Infantil.

Atualmente, está à frente da Cristina Collina Consulting - Consultoria especializada em Gestão Estratégica de Marketing, Comunicação e Branding.

Graduada em Relações Públicas pela Universidade de Taubaté - UNITAU, Pós-Graduada em Marketing pela Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM e em Gestão Estratégica em Comunicação Organizacional e Relações Públicas pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo – ECA USP.

A Epidemia de Dengue

              Publicado em 17/04/2015

Não sou epidemiologista, mas atuo há 20 anos na área da saúde, acompanho as notícias nacionais e internacionais sobre o que está acontecendo na área, e me pergunto “Por que em pleno século XXI, os órgãos competentes não investem mais fortemente em campanhas efetivas de prevenção e orientação da população?”.

Em 2009, atuei firmemente no trabalho de orientação aos pacientes e a comunidade, sobre a gripe AH1N1. Participei de discussões em grupo envolvendo vários hospitais, representantes das secretarias de saúde e do Ministério da Saúde, durante as quais foram definidas as estratégias a serem adotadas pelos hospitais e empresas de medicina diagnóstica. Na época, o pânico foi instaurado e a população com medo, corria para os hospitais de referência em busca de orientação e, diante da sensação de qualquer mal-estar, por mais fraco que fosse, queriam fazer exames que pudessem identificar se estavam ou não com o vírus; crianças não eram enviadas as escolas pelos pais preocupados com as formas de contágio; os passeios aos shoppings foram reduzidos; usar álcool gel para esterilizar as mãos virou hábito; essas e outras tantas medidas foram tomadas pela população. E, diante da iminência do risco, montamos um plano de crise e trabalhamos ativamente até que finalmente tudo se acalmou e o verão chegou. Aprendemos muito com essa crise. Lembro que para o ano seguinte, as instituições se preparam preventivamente, mas não ouve um novo surto, só que desta vez, todos estavam cientes e articulados...

No ano passado acompanhei pelos noticiários e sites liderados por profissionais de comunicação da área da saúde dos Estados Unidos, o drama da África Ocidental que enfrentou o maior surto do vírus ebola já registrado desde a descoberta da doença, em 1976. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), tratou-se da maior epidemia de febre hemorrágica em termos de pessoas afetadas, número de mortos e extensão geográfica. A OMS declarou a epidemia uma emergência pública sanitária internacional. Em 15 meses, ebola infectou 25.550 pessoas, das quais 10.587 morreram. O Brasil teve casos suspeitos, mas que não foram confirmados.

Também no ano passado e em 2015, nós paulistas e paulistanos é que passamos a nos preocupar com a Dengue que conta com um site, http://www.dengue.org.br/. A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, informou que o Estado de São Paulo tem 121 mil casos e 62 mortes por dengue em 17 cidades. No sábado, dia 11 de abril, de acordo com os dados do Ministério da Saúde, o Estado de São Paulo enfrenta uma epidemia. A Organização Mundial de Saúde (OMS) indica que lugares com mais de 300 casos da doença por 100 mil habitantes estão em situação endêmica. Nos três primeiros meses do ano, foram registrados 258 mil casos, número sete vezes superior ao do mesmo período do ano passado, quando 35 mil casos computados. 

Para atender aos milhares de pacientes - doentes, amedrontados, com risco de estarem com a pior forma de contagio - a Dengue Hemorrágica, hospitais de campanha estão sendo montados com o objetivo de dar vasão as altas demandas dos hospitais.

Acabo de ouvir de autoridades que maio a tendência é ser pior, com a proliferação do mosquito, mas o que irão fazer para o seu combate, infelizmente não foi dito nesta entrevista à imprensa.... Enquanto isso, investimos no nosso próprio combate com repelentes, inseticidas, fechar as janelas, enfim tomar nossas próprias precauções, cada um na sua, fazendo e defendendo o seu e o da sua família, mas e o todo? E a comunidade? Quando vamos olhar para o todo e agir preventivamente?

Com a crise instaurada, vamos todos juntos correr atrás do prejuízo, buscando soluções para minimizar o impacto, mas algumas questões pairam no ar:

  • Será que diante da crise da água no Estado de São Paulo, já prevista há muitos anos pelos órgãos competentes, conforme relatórios apresentados constantemente na mídia, não era de se supor que as pessoas passariam a armazenar água e consequentemente, criar criadouros para o mosquito da Dengue?
  • Se todos os players do segmento trabalhassem preventivamente, o custo aos cofres públicos e as operadoras não seria menor agora com a corrida aos hospitais?
  • Por que não atuamos juntos - sociedade, governo, instituições de saúde privada e pública, no combate à Dengue?

Até quando as epidemias continuarão a nos assombrar? A medicina evoluiu muito nos últimos tempos, temos médicos e profissionais da saúde qualificadíssimos, profissionais engajadíssimos em várias áreas da saúde, mas por que as campanhas educativas da população não acontecem com regularidade? Por que não investir em gestão de risco quando falamos tanto em processos de qualidade?


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