Papa Francisco e as doenças organizacionais
Desde que foi escolhido para ser o grande líder da Igreja Católica, Papa Francisco vem conquistando até os corações mais distantes de qualquer tipo de fé, por inúmeros fatores que, aliás, renderiam um artigo exclusivamente sobre isso. Há dois anos como pontífice, já recebeu duas indicações ao Prêmio Nobel da Paz, no ano passado (2014) ficou no topo da lista das 50 maiores lideranças do mundo, da revista americana Fortune, e em 2013, ano em que sucedeu o Papa Beto XVI, foi escolhido a personalidade do ano pela revista Time.
Suas palavras, seus discursos, suas homilias, profundamente amparadas por um reconhecido testemunho de vida diário, têm muito a nos inspirar em diversas dimensões. Escolhi para esta coluna um de seus pronunciamentos que, particulamente, me pareceram repletos de oportunidades reflexivas, sobretudo para profissionais de comunicação organizacional (católicos ou não) e líderes de modo geral.
Trata-se do discurso em que ele apresenta as 15 doenças das quais sofre o Vaticano. Sua fala ocorreu no encontro de confraternização de Natal com os líderes da Igreja Católica, em dezembro de 2014, quando fez duas críticas à Cúria Romana. Desde meu primeiro contato com este texto, logo percebi que poderiamos metaforicamente enxergar essas mesmas 15 doenças no ambiente organizacional.
Após algumas linhas sobre o Natal, Francisco relaciona a Cúria com um corpo complexo, a partir de São Paulo «Pois, como o corpo é um só e tem muitos membros, e todos os membros do corpo, apesar de serem muitos, constituem um só corpo(…)» (1 Cor 12, 12). Um corpo que procura diariamente ser mais vivo, mais saudável, harmonioso e unido. Nas suas palavras: “Na realidade, a Cúria Romana é um corpo complexo, formado por muitos Dicastérios, Conselhos, Departamentos, Tribunais, Comissões e por numerosos elementos que não têm todos a mesma tarefa, mas estão coordenados em ordem a um funcionamento eficaz, edificante, disciplinado e exemplar, não obstante as diferenças culturais, linguísticas e nacionais dos seus membros”. O que são as organizações senão também um corpo complexo de múltiplas dimensões?
Prossegue afirmando que a Cúria – assim como as organizações – por ser um corpo dinâmico, não pode viver sem se alimentar e tratar. E como qualquer corpo “como todo o corpo humano, está sujeita também às doenças, ao mau funcionamento, à enfermidade”. A partir daí, o Papa discorre sobre o que ele denomina de “catálogo de doenças” e tentações, uma lista das “doenças mais habituais na nossa vida de Cúria”. A seguir, apresento algumas delas (leia o discurso do Papa na íntegra aqui). Peço que o leitor faça o exercício de substituir a palavra Cúria por Organização/Organizações. Certamente você vai perceber que muitas organizações sofrem das mesmas enfermidades.
Ao final, o Papa encerra afirmando que a cura é fruto também da consciencialização da doença e da decisão pessoal e comunitária de se curar suportando, com paciência e perseverança, o tratamento. Basta alguns minutos de reflexão e certamente encontraremos tais doenças nos espaços organizacionais em que habitamos e, enquanto profissionais de comunicação, assessores, penso que é nosso dever auxiliar no diagnóstico, tratamento e abrir os olhos da organização para a necessidade de cura. Mas antes disso, é fundamental realizarmos nosso próprio autoexame de consciência: não estariamos, nós mesmos, sofrendo de algumas dessas doenças?
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