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COLUNAS


José Eustáquio Oliveira de Souza


Presidente da Editora VEGA Ltda. e membro do conselho da Aberje. Atuou em cargos de destaque na área de comunicação de grandes multinacionais, como o Grupo Gerdau.

A comunicação e os mitos em seu redor

              Publicado em 20/03/2015

A visão da Comunicação como fator crítico de reflexão tem contribuído decisivamente o entendimento do sucesso ou do fracasso das empresas e organizações contemporâneas. E também das relações dos Poderes Públicos com a sociedade civil. Especialmente no momento em que muitos mitos, vivos por muito tempo no mundo dos negócios e das relações governo/sociedade, estão sendo demolidos diariamente. Um dos demolidores de mitos empresariais é o professor Phil Rozenzweig. Autor do livro Derrubando Mitos, editora Globo, ele é um crítico mordaz dos truques utilizados pelos gurus da administração, para vender suas “soluções geniais de resolução de problemas” para o mundo corporativo.

Irônico, Phil Rozenzweig, não poupa profissionais de relações públicas, administradores de empresa, especialistas em recursos humanos e, principalmente, executivos que se transformaram em escritores de best Sellers, comentaristas e palestrantes requisitados como porta-vozes de conceitos “inovadores” de gestão e de governança corporativa. “Eles ficam ricos, muito ricos com suas ideias “arrumadinhas”, mas não apresentam resultados práticos para as organizações,” critica.

Quem vive no mundo real das empresas como profissional de comunicação, está cansado de passar pelo constrangimento de assessorar executivos (ou donos de empresa) que, por modismo ou desorientação, absorvem passivamente - pagando muito caro na maioria das vezes - as sugestões dos gurus da moda para, num passe de mágica, tornar a empresa “mais moderna, produtiva, inovadora”. E dá-lhe gestão pela qualidade total, por processo, pelo uso da água benta, ou pelos olhos nos olhos. Pior, acríticos, os executivos tocados pelo culto divino da subserviência aos gurus da moda, tentam implantar as ideias dos chamãs a ferro e fogo nas empresas, submetendo-a a enormes crises. Com prejuízos consideráveis para os acionistas, os empregados, fornecedores e para a sociedade em geral.

E de quem é a culpa do fracasso? Da comunicação, é claro, responde o guru, livrando a sua própria pele e aliviando a do executivo enganado. O argumento enganoso é o de que a comunicação é panaceia que dá conta de tudo, o que, como no assunto em pauta, implica dizer que se o plano “inovador” seria um sucesso se fosse bem explicado para os “envolvidos no processo”. Ou seja, o mito do “bem comunicado”. A verdade, porém, é que apesar de a comunicação ser essencial em qualquer processo que envolve relacionamento entre pessoas, ela não é o fator determinante para o sucesso de qualquer empreendimento.

Isto porque são vários os fatores que determinam o sucesso de uma empresa e, segundo os especialistas James C. Collins e Jerry I. Porras, autores do estudo clássico Feitas para Durar – Práticas bem-sucedidas de empresas viosinárias, muitos são os mitos a serem vencidos para atingir o objetivo. Eles apresentam pelo menos 12. Entre eles o de que para começar uma empresa é preciso ter uma grande ideia; o de que as melhores jogadas de empresas muito bem sucedidas baseiam-se num planejamento brilhante e complexo; e de que e a única constante é a mudança.

“Uma empresa visionária preserva quase religiosamente a sua ideologia central – mudando-a muito pouco, se mudar”, dizem Collins e Porras, asseverando: os valores centrais de uma empresa formam uma base sólida e não se deixam levar por tendências e modas passageiras. Lembram, contudo, que elas ao mesmo tempo em que mantêm suas ideologias centrais bem determinadas, demonstram ter uma incrível vontade de progredir que lhes permite mudar e se adaptar sem comprometer seus ideais.

Lançamos mão dos autores de Feitas para Durar apenas para ressaltar que o sucesso de uma organização – ou até mesmo de um governo ou de uma sociedade – é a sua clareza de objetivos – rumos. Que honestamente compartilhados (aí entra a comunicação!) com todos os públicos de relacionamento da empresa (empregados, acionistas, investidores, fornecedores e sociedade) tendem a criar um conjunto de fatores positivos (clima empresarial saudável, criatividade, inovação, comprometimento, boa reputação) que contribuem totalmente para o sucesso da organização.

Comunicação é essencial, mas não é panaceia e muito menos instrumento de mistificação da realidade, como querem os políticos e marqueteiros instalados hoje no poder no País. Até porque, lembrando Abraham Lincoln, “você pode enganar uma pessoa por muito tempo; algumas por algum tempo; mas não consegue enganar todos por muito tempo”. Bingo, a hora da verdade sempre chega. E chega muitas vezes, como na lenda, com o menino denunciando que o rei está nu em plena praça pública. Aí... Parece que esse momento está chegando ao Brasil, não?


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