Busca avançada                              |                                                        |                            linguagem PT EN                      |     cadastre-se  

Itaú

HOME >> ACERVO ON-LINE >> COLUNAS >> COLUNISTAS >> Fabio Betti Salgado
COLUNAS


Fabio Betti Salgado


Fábio Betti Salgado é sócio consultor da Corall, consultoria com o objetivo de catalizar a criação e transformação das organizações para o surgimento de uma nova economia, baseada em bem-estar e felicidade, prosperidade distribuída e uso eficiente de recursos. Iniciou na área de comunicação em 1988, na Johnson & Johnson, e, depois, especializou-se em comunicação interna na Dow Química. Foi sócio da Novacia de 1995 a 2009 e, desde 2010, vem atuando como consultor em processos de transformação cultural, tendo como principal abordagem a cultura de diálogo e a comunicação de liderança. Graduado em Jornalismo (PUC-SP), com pós-graduação em Comunicação Empresarial (ESPM) e diversos cursos de extensão e especialização nas áreas de gestão, marketing e publicidade, Fábio é mestrando em Biologia-Cultural (Universidade Mayor do Chile), formado em consultoria antroposófica (ADIGO) e professor da ABERJE, Escola de Diálogo e Escola Matriztica de Santiago. Escreve regularmente sobre comunicação para sites e associações setoriais. Além disso, mantém um blog pessoal para conversar sobre o diálogo nos diferentes domínios dos relacionamentos.

O QUE NOS UNE e o que nos separa

              Publicado em 18/03/2015

Tenho assistido com bastante preocupação esse interminável Fla X Flu em que nos atiramos desde a campanha eleitoral para presidente em 2014, visivelmente agravado pelas manifestações de rua e pelo aumento do nível de ódio e intolerância observado nos comentários das redes sociais. Escrevi “tenho assistido” quando, na verdade, o que ocorre é que tenho efetivamente participado dessa guerra entre lados, dando minha contribuição para o acirramento da separação. Faço isso quando expresso meu ponto de vista sem me preocupar com o impacto que ele terá sobre o outro que pensa diferente de mim. “Vivo num país livre, sou livre, portanto, para expressar o que penso quando e onde quiser – tudo dentro da lei, é claro!” É isso o que falo para mim quando faço um comentário ou posto uma imagem em alguma rede social. E é esse mesmo mantra que costumo repetir quando percebo que o que postei, eventualmente, causou alguma dor ou desconforto em outra pessoa. Exceto quando não.

Meu pai, uma pessoa extremamente pacata a maior parte do tempo, se transforma em um crítico feroz e combatente ao menor sinal de injustiça. Em outras ocasiões, derrete-se feito manteiga, solidarizando-se com a dor alheia. Não sei se por algum defeito de fabricação, mas o fato é que vejo em mim essas duas características aparentemente antagônicas hiperdesenvolvidas. Sou capaz de chorar em desenho animado e me jogar na frente de um trem para defender meus ideais. Isso resulta numa mistura complexa e em doses cavalares de paixão e compaixão. E se a paixão tem me levado a agravar o “ladismo”, a compaixão me coloca frequentemente no lugar do outro, provocando uma identificação tão forte que, como um guerreiro que cansou de lutar, abaixo minhas armas e não consigo mais me ver entre inimigos. Tudo aquilo que nos separa, de repente, fica tão pequeno, mas tão pequeno, que o único desejo que resta é de abraçar o outro, esse outro ser humano que, como eu, também nasceu, como descreve o biólogo chileno Humberto Maturana, um Homo Sapiens Amans. Como eu, portanto, ele ou ela também tem gravado em cada célula de seu corpo essa capacidade de respeitar e aceitar o outro como um legítimo outro, legítimo em sua corporeidade, legítimo em seus valores e crenças, legítimo em suas necessidades e desejos, legítimo em suas perfeições e imperfeições. E quando me descubro nesse espaço, percebo infinitas possiblidades para construirmos algo realmente importante juntos, algo muito mais poderoso do que eu achava estar construindo sozinho com minhas paixões.

Faço um convite a você que se sentiu chamado ou chamada pelo título deste texto a também refletir sobre o que o ou a une a esse outro de quem, neste momento, você se sente separado ou separada. Aposto que você irá se surpreender com o quão parecido esse outro é com você.


Os artigos aqui apresentados n�o necessariamente refletem a opini�o da Aberje e seu conte�do � de exclusiva responsabilidade do autor. 1099

O primeiro portal da Comunicação Empresarial Brasileira - Desde 1996

Sobre a Aberje   |   Cursos   |   Eventos   |   Comitês   |   Prêmio   |   Associe-se    |   Diretoria   |    Fale conosco

Aberje - Associação Brasileira de Comunicação Empresarial ©1967 Todos os direitos reservados.
Rua Amália de Noronha, 151 - 6º andar - São Paulo/SP - (11) 5627-9090